Clare McCann congelar filho
Clare McCann e o filho, que tirou a própria vida após sofrer com o bullying

Por Felipe Borges
Pragmatismo Político

Após o suicídio do filho de apenas 13 anos, que tirou a própria vida por conta de bullying escolar, atriz australiana Clare McCann iniciou uma campanha pública para arrecadar 300 mil dólares australianos (cerca de 1 milhão de reais) com o objetivo de criogenizar o corpo do menino. Seu nome era Atreyu. Segundo a atriz, essa seria a única chance de um possível reencontro com o filho, caso, um dia, a ciência permita que corpos criopreservados sejam reanimados.

“Parte meu coração de uma forma que palavras não conseguem expressar dizer que, em um momento de dor insuportável, Atreyu tirou a própria vida. Isso não foi culpa dele”, escreveu Clare nas redes sociais. “Ele foi abandonado pelo sistema educacional, enquanto sofria uma quantidade horrenda de bullying”.

A atriz, que atuou em produções independentes como Just One More Day e The Cellar, denuncia a omissão da escola e convoca a sociedade a refletir sobre os impactos do bullying na saúde mental de crianças e adolescentes. “Agora, humildemente, peço ajuda para preservar a memória da vida dele e lutar contra essa avalanche desumana de suicídios infantis”.

Criogenia

A criogenia (ou criopreservação) é uma técnica de congelamento do corpo humano em temperaturas extremas, próximas a -196 °C, com o objetivo de impedir a degradação celular. Ainda que pareça inspirada em ficção científica, a prática já é realidade em alguns centros privados nos Estados Unidos, Rússia e Austrália. No entanto, não há, até o momento, qualquer tecnologia capaz de reverter o processo ou de trazer um corpo humano de volta à vida. Trata-se, na melhor das hipóteses, de uma aposta no futuro da medicina regenerativa e da nanotecnologia.

O próprio Google e grandes empresas de tecnologia têm investido em pesquisas sobre longevidade e criopreservação, mas a comunidade científica é quase unânime: até agora, não há qualquer base concreta para acreditar que a reanimação seja possível. Mesmo assim, Clare acredita que esta pode ser sua última chance de preservar o corpo do filho para um possível renascimento no futuro. Segundo ela, o prazo limite seria de sete dias após a morte. Até o momento da publicação, a campanha havia arrecadado cerca de 2% do valor necessário.

Bullying e saúde mental

Por trás do apelo tecnológico, está uma tragédia silenciosa que se repete diariamente em escolas ao redor do mundo. O bullying, muitas vezes banalizado por instituições e adultos, tem consequências devastadoras. O suicídio entre adolescentes cresce em ritmo alarmante, e a falta de acolhimento escolar e psicológico é um agravante direto. Para a psicóloga clínica Carla Mendes, que atua com jovens em situação de vulnerabilidade, “a escola precisa sair do papel passivo e assumir uma postura ativa contra práticas de violência emocional. O bullying mata — e isso precisa ser dito com todas as letras”.

No Brasil, o acolhimento inicial para casos de sofrimento psíquico pode ser feito gratuitamente através do número 188 (CVV – Centro de Valorização da Vida), além dos serviços do SUS, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e unidades básicas de saúde. Há ainda o site Mapa da Saúde Mental, que oferece informações sobre serviços gratuitos ou de baixo custo.

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Last Update: 27/05/2025