Soberania e democracia foram as palavras de ordem das manifestações deste dia 7 de setembro que ocuparam avenidas e praças nas capitais e em diversas outras cidades brasileiras. Os atos ecoaram as falas do presidente Lula em rede nacional na noite de 6 de setembro, de que “o Brasil não vai aceitar ordens de quem quer que seja” e que é inadmissível o papel de alguns políticos brasileiros – traidores da pátria – que estimulam os ataques ao país.
Além de gritos de “sem anistia” e cadeia para Bolsonaro, os manifestantes pediram justiça tributária, taxação dos super ricos e redução da jornada de trabalho no ato nacional “Povo Independente é Povo Soberano”, organizado pelo Partido dos Trabalhadores, Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, centrais sindicais, União Nacional dos Estudantes, partidos progressistas, representações religiosas e movimentos sociais.
Parlamentares e lideranças participaram dos atos em todo o país e repercutiram em suas redes sociais. Em São Paulo a manifestação foi na Praça da República e teve como lema “Quem manda no Brasil é o povo brasileiro”.
Em sua fala diante da multidão, o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Edinho Silva, falou da urgência da articulação para o combate ao fascismo e por democracia e soberania.
“O dia 7 de setembro em São Paulo foi um dia de luta e afirmação popular. As ruas da Praça da República e do centro de São Paulo foram tomadas por milhares de pessoas que reafirmaram a confiança em um Brasil soberano, democrático e justo”, postou Edinho em suas redes sociais com vídeo com imagens da manifestação.
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Edinho citou o Grito dos Excluídos e Excluídas que sempre ocorre no dia 7 de setembro. “As ruas se transformam em um grande ato político em defesa da democracia, da soberania e da justiça social”, disse ele ao citar os ministros do Trabalho e Emprego, Luís Marinho, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, que estiveram no ato representando o presidente Lula.
“Hoje ficou evidente que o Brasil é do povo, e é nele que reside a verdadeira força da democracia”, ressaltou Edinho.
Soberania X traidores da pátria
O 7 de setembro dos que defendem a soberania brasileira e dos que traem a pátria se revelou nas imagens publicadas ministra pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Gleisi Hoffmann.
“Essa é a nossa diferença com os bolsonaristas: batemos continência para a bandeira brasileira. Exaltamos a bandeira do Brasil, do povo brasileiro. Em pleno 7 de setembro os partidários de Jair Bolsonaro carregam, em manifestação por anistia, a bandeira dos EUA, que está impondo um tarifaço e sanções ao Brasil. Fazem qualquer coisa pra livrar Bolsonaro das penas que há de merecer”, sublinhou Gleisi.
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Ao final da postagem a ministra reforçou que “a nossa luta é pelo Brasil, do lado do povo brasileiro”, junto com foto da manifestação bolsonarista na av. Paulista com uma grande bandeira dos Estados Unidos comparando com imagens do desfile em Brasília, com uma grande bandeira do Brasil.
A “vergonha” bolsonarista foi tema de vídeo do líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias. “7 de setembro: Lula defende a soberania enquanto os atos bolsonaristas exaltam bandeira norte-americana e pedem para os EUA “salvarem” o Brasil. Traidores!”, bradou Lindbergh na postagem nas redes sociais.
7 de setembro: Lula defende a soberania enquanto os atos bolsonaristas exaltam bandeira norte-americana e pedem para os EUA “salvarem” o Brasil. TRAIDORES! pic.twitter.com/a3z9hhf4xt
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) September 7, 2025
“É inacreditável! Enquanto o Lula hoje no 7 de setembro estava com a bandeira brasileira defendendo a soberania nacional, olhem a vergonha, olhem o tamanho da bandeira dos Estados Unidos na avenida Paulista! Eles não deviam ir para a rua no dia 7 de Setembro! 7 de Setembro é nosso, dos brasileiros!”, afirmou Lindbergh ao apontar que o bolsonaristas deveriam comemorar o 4 de julho, que é o dia da independência dos Estados Unidos.
“São traidores da pátria. A história não os perdoará. Na história política do Brasil nunca tivemos um agrupamento político como esses comandado pela família Bolsonaro tão antinacional, tão antiBrasil, que defende os interesses de uma potência estrangeira”, ressaltou, ao informar que apresentou projeto de lei tipificando o crime de alta traição nacional prevendo de 20 a 40 anos de prisão.
Brasil nas ruas
Líder do governo Lula na Câmara, o deputado federal José Guimarães (PT-CE) publicou imagens das ruas tomadas pelos manifestantes em Fortaleza e a mensagem: “Brasil nas ruas contra a anistia! Manifestações por todo país e em Fortaleza os movimentos sociais liderados pela CUT Ceará realizam grande passeata. O Ceará contra a anistia. O Ceará soberano”.
Brasil nas ruas contra a Anistia! Manifestações por todo país e em Fortaleza os movimentos sociais liderados pela @cutceara realizam grande passeata. O Ceará contra a Anistia. O Ceará Soberano. @ptbrasil pic.twitter.com/Tc9yjk4gXk
— José Guimarães (@guimaraes13PT) September 7, 2025
“O Brasil é dos brasileiros! Unidos pela democracia, pela soberania e pelo futuro do nosso país. Nenhum passo atrás na luta pelo que é nosso”, postou o senador Humberto Costa (PT-PE) em seu perfil na rede X, junto com vídeo gravado durante a manifestação em Recife na manhã deste domingo (7).
“É um momento também de defender as bandeiras mais importantes do país nesse momento e avançarmos para que no ano que vem possamos chegar bem forte para reelegermos presidente Lula”, disse ele ao falar das pautas sobre justiça tributária e redução da jornada de trabalho.
O Brasil é dos brasileiros! Unidos pela democracia, pela soberania e pelo futuro do nosso país. Nenhum passo atrás na luta pelo que é nosso. pic.twitter.com/rpGBrxDVNN
— Humberto Costa (@senadorhumberto) September 7, 2025
A manifestação em Belo Horizonte teve a presença do deputado federal Rogério Carvalho (PT-MG). “7 de setembro é dia de luta! Estamos nas ruas pela soberania nacional, pela democracia e pelos interesses do povo. Viva a independência do Brasil!”, publicou Correia junto com fotos da Praça Raul Soares na capital mineira.
De hoje no ato do Grito dos Excluídos e Excluídas, em BH. 7 de setembro é dia de luta! 🇧🇷
Estamos na ruas pela soberania nacional, pela democracia e pelos interesses do povo. Viva a independência do Brasil! pic.twitter.com/hB591meiF3
— Rogério Correia (@RogerioCorreia_) September 7, 2025
Em outra postagem com discurso em cima do trio elétrico, o deputado resumiu a pauta: “Não vai ter anistia, vai ter Bolsonaro na cadeia. O julgamento termina dia 12 e a festa da democracia começa dia 13!”.
Sem Anistia e Bolsonaro na cadeia ganharam as ruas de Bh, acompanhado de reivindicações de fim da jornada 6×1 e isenção do IR até 5000 reais. O povo nas ruas garante o ocaso bolsonarista e isola a extrema direita, que verá na sexta o fim do julgamento com sentença de prisões. pic.twitter.com/FWKthkDgZP
— Rogério Correia (@RogerioCorreia_) September 7, 2025
Ocaso do bolsonarismo
O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), João Cézar de Castro, foi à manifestação bolsonarista em Copacabana neste dia 7 de setembro que não alcançou três quadras, segundo ele.
“A manifestação bolsonarista foi um fracasso incontornável. Não me refiro somente a números! O bolsonarismo, enquanto movimento de massas, parece ter entrado em processo acelerado de desintegração”, escreveu ele junto com vídeo publicado em suas redes sociais.
A manifestação bolsonarista foi um incontornável fracasso. Não me refiro somente a números! O áudio não está muito bom, a gravação foi feita de improviso e depois de um susto. O bolsonarismo, enquanto movimento de massas, parece ter entrado em processo acelerado de desintegração. pic.twitter.com/NCF0lQUFve
— João Cezar de Castro Rocha (@joaocezar1965) September 7, 2025
O professor disse que acompanha as manifestações bolsonaristas desde 2022 e chamou a atenção para a “desagregação das pessoas presentes” nas duas últimas.
“O que conforma um movimento político é a coesão, é a integração, o amálgama de ideias e princípios”, analisou, ao revelar que percebeu grupos paralelos de conversa nessas manifestações e deu o exemplo dos pouquíssimos aplausos para o pastor Silas Malafaia após o pedido do prefeito do Rio, Cláudio Castro.
“O que realmente me impressiona é o ânimo cada vez esmorecido dos que estão presentes”, salientou, ao falar do “pouco entusiasmo” dos presentes após um áudio de Michelle Bolsonaro. Ele apontou o “paradoxo supremo” dos bolsonaristas gritando “nossa bandeira jamais será vermelha” enquanto ostentavam bandeiras de Israel dos Estados Unidos azuis, brancas e vermelhas.
“A manifestação (bolsonarista) foi um grande fracasso. A massa bolsonarista compacta, aguerrida, densa parece não mais existir”, concluiu.