Na manhã deste sábado (10), a cidade de São Paulo foi palco de um grande ato nacional em homenagem aos 80 anos da derrota do nazismo e lançamento da Internacional Antifascista no Brasil, reunindo representantes de partidos políticos, movimentos populares e delegações internacionais na Academia Paulista de Letras, no Largo do Arouche. O evento integra uma jornada mundial convocada pela recém-fundada Internacional Antifascista, presente hoje em quase 70 países.
Com início às 9h, a atividade contou com a apresentação musical da banda Revolução Permanente e uma série de intervenções de representantes políticos e sociais do Brasil e do exterior. O ato prestou tributo à vitória histórica da União Soviética e dos povos do mundo contra o nazifascismo, ao mesmo tempo em que denunciou a ofensiva imperialista atual e convocou à mobilização internacional.
Entre os presentes, compuseram a mesa dirigentes de organizações de esquerda e movimentos populares: Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Amanda Harumy (PCdoB), Caique (Frente Nacional de Luta), Manuel Vadell (embaixador da Venezuela no Brasil), Guido (representante sindical do PT e da APEOESP) e Zé Reinaldo (presidente do Cebrapaz). Também marcaram presença representantes do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), da Frente Internacionalista dos Sem Teto (FIST) e ativistas de diversas regiões do país.
O Dia da Vitória, é celebrado internacionalmente como o momento histórico em que os trabalhadores e povos do mundo derrotaram o nazismo alemão. No entanto, como ressaltaram diversos oradores, no Brasil e no mundo a memória da vitória contra o nazismo é apagada pelo imperialismo, que tenta ocultar o papel decisivo da União Soviética na Segunda Guerra Mundial. Por isso, a Internacional Antifascista convocou o ato como parte de uma campanha para resgatar essa memória e projetá-la na luta atual, lembrando das importantes lutas que a classe operária e os oprimidos levam hoje contra o fascismo.
“A unidade contra o imperialismo é o caminho para evitar a guerra”
Em sua intervenção, Rui Costa Pimenta destacou que o cerco ao governo Lula pelo imperialismo internacional é cada vez mais intenso. “O imperialismo quer uma solução drástica para o Brasil, que passa por tirar o PT do governo”, afirmou. Para o dirigente do PCO, somente a revolução socialista pode impedir uma guerra mundial de grandes proporções: “Cabe à nossa geração derrotar o imperialismo. A unidade de todas as forças que lutam contra o imperialismo vai abrir o caminho”.
Ele também desmascarou a narrativa de que as democracias ocidentais derrotaram o nazismo. “Os EUA viam com bons olhos uma vitória nazista sobre a URSS. O fascismo era a vanguarda do imperialismo contra a classe operária mundial”. Rui lembrou ainda da vitória do povo vietnamita contra os EUA como exemplo de que a luta contra o fascismo é inseparável da luta anti-imperialista.
Solidariedade internacionalista e o papel do Brasil
Amanda Harumy, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), saudou a presença do presidente Lula em Moscou, ao lado dos presidentes Nicolás Maduro (Venezuela) e Díaz-Canel (Cuba). “A luta internacionalista é a disputa da nossa sociedade”, afirmou, ressaltando a importância de o Brasil integrar o campo multipolar contra o domínio imperialista.
O companheiro Guido, dirigente sindical do PT, alertou sobre a nova fase do imperialismo: “Hoje, o que sobra é a violência para abrir espaço às grandes empresas. Daí a importância dessa frente”.
Manuel Vadell, embaixador da Venezuela, condenou as tentativas de reescrever a história e apagar o papel dos soviéticos na derrota do nazismo. “Nosso ato é um momento de ativação para novas mobilizações. Precisamos nos unir na diversidade contra um inimigo comum: o fascismo”.
Zé Reinaldo, presidente do Cebrapaz, enfatizou que a batalha contra o nazifascismo é, hoje, a luta contra o imperialismo. “É nosso dever exercer a memória histórica para a honra dos povos que resistiram com armas e com dignidade”.
Palestina e a atual resistência ao imperialismo
As intervenções também destacaram o papel da resistência palestina como símbolo da luta antifascista atual. Breno Altman, jornalista e militante da causa palestina, afirmou que “os povos sempre recobram forças e derrotam o inimigo — como na Palestina. Apesar de 20 meses de genocídio, o povo palestino não se rendeu”. Altman criticou o derrotismo da esquerda internacional, lembrando que a solidariedade é essencial para enfrentar o imperialismo.
O representante do Ibraspal declarou que o 7 de outubro de 2023, quando a resistência palestina lançou um ataque contra as forças sionistas, “foi uma vitória sem precedentes que marcará o fim de ‘Israel’ como o conhecemos”. E completou: “A vitória soviética deve inspirar os trabalhadores de hoje. A vitória está sempre ao alcance dos povos oprimidos”.
Cláudio, da FIST, denunciou o financiamento internacional das forças repressivas no Brasil: “O bandido que governa o Rio compra armas de ‘Israel’ para matar nas favelas. Os EUA deram um bilhão para o BOPE matar. É preciso romper com o estado assassino de ‘Israel’, romper com o genocida Netanyahu. Nossa luta vai germinar. Vamos vencer”.
Um chamado à organização e à mobilização
O evento marcou não apenas a celebração de uma vitória histórica, mas também um chamado à reorganização da luta antifascista em escala mundial. Como afirmou Rui Costa Pimenta: “Esse ato é um primeiro passo, ainda modesto, para a construção da Internacional Antifascista, que surgiu em uma reunião em Caracas. Quando falamos de Internacional Antifascista, estamos falando da Internacional Anti-imperialista”.
Ao final do evento, os participantes reiteraram a necessidade de fortalecer a frente antifascista no Brasil e no mundo, integrando todas as forças populares, movimentos sociais e partidos que combatem o avanço da extrema-direita e do imperialismo.
Celebrar a vitória dos trabalhadores contra os nazistas de 80 anos atrás é apoiar a luta contra o nazismo de hoje. É apoiar os companheiros da Venezuela e de Cuba. É apoiar a luta anti-imperialista promovida pela Rússia, pelo Irã, pela China e por todos os povos oprimidos e esmagados pelo imperialismo.
Para assistir a transmissão completa do ato acesse na COTV:
https://www.youtube.com/watch?v=4hCAju0K6XQ