Ato contra a escala 6×1 reúne centrais sindicais e movimentos sociais na Esquina Democrática, em Porto Alegre

Centrais sindicais, movimentos sociais e trabalhadores de diversas categorias ocuparam a Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre, ao meio-dia desta segunda-feira (15), em um grande ato público contra a escala de trabalho 6×1. A mobilização denunciou o caráter precarizante do modelo e defendeu a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, com a garantia de ao menos dois dias de descanso semanal.

A atividade fez parte de um dia de mobilização unificada das centrais sindicais no Rio Grande do Sul. Pela manhã, foi realizado o Seminário sobre o Projeto de Lei 67/2025 – Fim da Escala 6×1 e Redução da Jornada de Trabalho, no auditório da Associação dos Auditores-Fiscais da Receita Municipal de Porto Alegre (AIAMU). O seminário foi promovido pela Comissão do Trabalho da Câmara Federal e pelo Fórum das Centrais Sindicais, por iniciativa da deputada federal Daiana Santos (PCdoB).

Debate avança no Congresso Nacional

Durante o seminário, a deputada Daiana Santos destacou que o debate sobre a redução da jornada avança de forma simultânea na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Segundo ela, o PL 67/2025, de sua autoria, tramita na Comissão do Trabalho e dialoga diretamente com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo senador Paulo Paim (PT).

O projeto prevê a redução da jornada para no máximo 40 horas semanais, além da garantia de dois dias de repouso remunerado por semana, superando a lógica da escala 6×1. Na semana passada, a deputada protocolou pedido de regime de urgência para a apreciação do PL.

“É fundamental ressaltar que esse é um projeto que está em tramitação na Comissão do Trabalho e que, concomitante à PEC do senador Paulo Paim, que avança no Senado, também avança na Câmara. São iniciativas de parlamentares gaúchos, que ganham força com a mobilização popular”, afirmou Daiana Santos.

A deputada reforçou ainda o compromisso do governo federal com a pauta. “É prioridade fazer a redução da jornada de trabalho, o fim da escala 6×1 e avançar para o 5×2, que é o teor do projeto que apresentei”, destacou.

Saúde, qualidade de vida e dignidade no trabalho

Na semana passada, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou a PEC 148/2015, de autoria do senador Paulo Paim, que prevê a redução progressiva da jornada de 44 horas semanais até chegar a 36 horas, com dois dias de descanso. Segundo Paim, cerca de 20,9 milhões de brasileiros enfrentam sobrejornadas, com impacto ainda maior sobre as mulheres.

Dados do INSS reforçam a gravidade da situação: somente em 2024, o Brasil registrou 472 mil afastamentos por transtornos mentais, muitos deles relacionados ao excesso de trabalho. Para o senador, jornadas menores significam mais saúde, mais produtividade e melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

CTB RS destaca unidade e pressão popular

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Rio Grande do Sul (CTB RS), Rodrigo Callais, afirmou que a mobilização expressa a luta por trabalho digno e qualidade de vida.

“O que nos traz hoje às ruas é a luta pelo fim da escala 6×1. Esse modelo impede o convívio familiar, o lazer e o cuidado com a saúde. O que nós queremos é garantir o direito a pelo menos duas folgas consecutivas na semana, sem redução salarial”, afirmou Callais.

O dirigente destacou ainda que são as centrais sindicais que historicamente defendem pautas estruturantes para o país. “Somos nós que defendemos a redução da taxa de juros, a reindustrialização do Brasil, a geração de empregos de qualidade e a melhoria das condições de trabalho. Essa luta não é só por jornada, é por dignidade”, ressaltou.

Luta trabalhista, democracia e enfrentamento à extrema direita

Durante o ato, Callais também relacionou a pauta trabalhista ao atual cenário político nacional. Ele criticou a atuação da extrema direita no Congresso Nacional e afirmou que o movimento sindical seguirá pressionando por avanços concretos.

“Eles só têm uma pauta: anistia para os golpistas do 8 de janeiro. Não apresentam nenhum projeto para melhorar a vida da classe trabalhadora. 2026 será um ano de muita luta e vamos obrigar o Congresso a aprovar o fim da escala 6×1”, declarou.

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, reforçou que a escala 6×1 contribui para a alta rotatividade no mercado de trabalho, especialmente entre os jovens, e compromete a qualidade de vida. Já representantes de outras centrais, como a Intersindical, destacaram que o Brasil tem condições econômicas de reduzir a jornada e que o argumento de prejuízo ao pequeno comércio não se sustenta.

Mobilização segue crescendo

O ato foi encerrado com palavras de ordem em defesa da unidade da classe trabalhadora, do fim da escala 6×1, da redução da jornada sem redução de salários e contra a anistia aos golpistas. As centrais sindicais reafirmaram que a mobilização continuará nos próximos meses, com pressão permanente sobre o Congresso Nacional.

Para a CTB RS, a luta pela redução da jornada é parte de um projeto mais amplo de desenvolvimento, democracia e valorização do trabalho no Brasil.

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