Entre 2012 e 2022, o Brasil registrou 48.289 mulheres assassinadas, de acordo com dados do Atlas da Violência. Apenas em 2022, 3.806 mulheres foram mortas, representando uma taxa de 3,5 homicídios por 100 mil mulheres.
Esses números se tornam ainda mais preocupantes ao analisar a localização dos crimes e as desigualdades raciais entre as vítimas. Segundo o estudo, uma característica chave para entender a violência letal contra mulheres é o local onde ocorrem as mortes. A maioria dos homicídios acontece em residências e são cometidos por conhecidos das vítimas.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública indica que cerca de 70% dos feminicídios foram cometidos em casa. Em 2022, 34,5% dos homicídios de mulheres ocorreram em domicílios, totalizando 1.313 vítimas. Para homens, a maioria dos homicídios ocorre na rua ou estrada, com apenas 12,7% dentro no interior de suas residências em 2022.
Esse percentual é próximo ao dos feminicídios, que atingiu 36,6%. O estudo utiliza o termo “homicídios de mulheres” em vez de feminicídio, pois os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) não distinguem entre os dois.
A análise regional mostra variações significativas entre estados. Em 2022, 13 estados reduziram suas taxas de homicídio feminino, com Tocantins (-24,5%), Distrito Federal (-24,1%) e Acre (-20,3%) liderando.
Em contrapartida, 12 estados tiveram aumentos alarmantes, como Roraima (52,9%), Mato Grosso (31,9%) e Paraná (20,6%). Roraima (10,4), Rondônia (7,2) e Mato Grosso (6,2) tiveram as piores taxas de homicídios femininos em 2022, por 100 mil habitantes.
A Amazônia Legal registra índices de violência 54% superiores à média nacional. Em 2022, mulheres negras representaram 66,4% das vítimas de homicídios femininos, totalizando 2.526 mortes.
A taxa de homicídio para mulheres negras foi de 4,2 por 100 mil habitantes, comparada a 2,5 para mulheres não negras. A probabilidade de homicídio é 1,7 vezes maior para mulheres afrodescendentes.
No Nordeste, essa probabilidade pode ser até duas vezes maior; em Alagoas, é 7,1 vezes maior. Outros estados com altas chances incluem Ceará (72,2% maior), Rio Grande do Norte (64%), Sergipe (62,9%) e Maranhão (61,5%).
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