As atividades do Congresso Nacional em 2024 foram concluídas com a aprovação e promulgação de medidas do “pacote de ajustes” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sem grandes alterações das propostas apresentadas pelo governo.
Perto da votação, especuladores financeiros demonstraram sua voracidade intensificando a pressão realizada ao longo do ano contra o governo Lula e o povo brasileiro.
O dólar atingiu valores sem precedentes perante o real e, em uma semana, o BC foi levado a vender cerca de 27,7 bilhões de dólares das reservas do Tesouro para tentar conter a alta da moeda.
Fiéis aos interesses dos banqueiros, os parlamentares aprovaram as propostas de redução do aumento do salário mínimo, da faixa de beneficiário do abono salarial, restrições para o acesso ao BPC e Bolsa Família e cortes que vão atingir a Educação (Fundeb) e a Saúde, além da política de manutenção do arrocho contra o funcionalismo público.
Para aprovar o pacote, o governo viu-se forçado a recuar na questão dos supersalários, do superávit de fundos públicos e, principalmente, sobre as emendas parlamentares.
As medidas neoliberais são um golpe tão duro contra a população pobre que o Congresso Nacional acabou impondo pequenos limites nos ataques, como no caso do veto à proposta que impedia o acúmulo de benefícios numa mesma família e aos cortes no Fundeb, que foram limitados à metade da proposta. Três deputados do PT deram votos contrários.
Com o pacote aprovado e reunião ministerial mostrando apoio de Lula a Haddad e a Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, a disparada do dólar foi parcialmente contida, embora a moeda norte-americana tenha se mantido em níveis muito elevados.
Restaram apenas os ataques contra os brasileiros mais vulneráveis, os mesmos que estavam “fora do orçamento” e são condenados a assim continuarem.
A alta da taxa de juros aprovada por Campos Netto e Galípolo já consome e vai sugar (por meio de recursos destinados ao “bolsa-banqueiro”) muito mais do que o pacote de Haddad pretende economizar, tirando dos trabalhadores.
O ano de 2025 vai começar com pesados ataques, o governo sob forte pressão e na defensiva, disposto a aprofundar sua fracassada política de frente ampla com a direita.
A esquerda, as organizações dos trabalhadores precisam refletir sobre essa situação para impedir um retrocesso ainda maior nas condições de vida do povo e impedir o aumento da desmoralização do governo Lula e da própria esquerda.
E mobilizar, nas ruas, contra os banqueiros e sua política de exploração.