Quando se fala em um nome responsável por implementar a Lei Magnitsky nos Estados Unidos, todos apontam o investidor britânico William Browder. Ele foi o responsável por fazer a lei vingar por lá e atua para que outros países adotem o mesmo dispositivo em suas legislações.

Mas até mesmo Browder, o grande influenciador em prol da medida, enxerga que a aplicação da lei pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, é abusiva.

Em uma série de entrevistas para diversos meios de comunicação, o britânico condenou a banalização da Lei Magnitsky. Ao Globo, Browder afirmou ser “injusta” a sanção contra Moraes e que é evidente o uso político da lei pelo fato de o ministro atuar no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Para ele, este é o primeiro caso de abuso da Lei pelos EUA, considerando as mais de 600 pessoas já sancionadas.

No seu entendimento, outros locais com leis similares — como União Europeia e Reino Unido, onde ajudou a implementá-las — as sanções não serão replicadas.

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O investidor acredita que Moraes deve recorrer à Justiça dos EUA e demonstrar a injustiça cometida. Como explica, as cortes norte-americanas não se reportam a Trump e em mais de 96% dos casos tomam decisões desfavoráveis à Casa Branca.

Para a Folha, Browder reafirmou que o caminho indicado a Moraes é a contestação nos tribunais e disse que Trump “tenta todo tipo de coisa maluca que não funciona” para alcançar seus objetivos.

Nesta situação, o presidente dos EUA abusa da lei por razões políticas. A reportagem destacou a postagem do “pai” da Lei no X (antigo Twitter), em que comenta o caso do ministro do STF:  “Passei anos lutando pela aprovação da Lei Magnitsky para acabar com a impunidade contra violadores graves dos direitos humanos e cleptocratas. Pelo que sei, o juiz brasileiro Moraes não se enquadra em nenhuma dessas categorias”.

À BBC News Brasil, Browder lembra que a intenção da Lei é impor sanções a violadores de direitos humanos e de abuso de poder com fins de enriquecimento (cleptocracia): “Ela não foi criada para ser usada para vinganças políticas”, ressalta.

A perseguição de Trump contra Alexandre de Moraes visa intimidar o Judiciário brasileiro, para que não julgue Jair Bolsonaro pelos crimes na trama golpista. Além disso, a tentativa de intimidar a corte brasileira acontece, pois o STF já demonstrou disposição de responsabilizar as Big Techs, que controlam mídias sociais, por descumprirem decisões judiciais e não colaborarem com o combate à disseminação de notícias falsas (fake news).

Em sessão do STF nesta semana, o ministro Moraes disse que vai ignorar as sanções que foram aplicadas e continuar trabalhando: “As ações prosseguirão. O rito processual do STF não se adiantará, não se atrasará. O rito processual do Supremo irá ignorar as sanções praticadas.”

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Last Update: 02/08/2025