Ao menos oito pessoas morreram neste sábado 7 na Ucrânia em novos ataques russos, depois que Moscou prometeu uma vingança contra Kiev pela destruição de parte de sua frota aérea.
Após os ataques, a Rússia acusou a Ucrânia de ter adiado uma troca de prisioneiros de guerra prevista para o fim de semana.
O principal negociador russo, Vladimir Medinski, disse que “a parte ucraniana adiou inesperadamente a recepção dos corpos” dos soldados mortos “e a troca de prisioneiros de guerra para uma data indeterminada”.
Contudo, a Sede de Coordenação para o Tratamento de Prisioneiros de Guerra da Ucrânia negou a acusação. A instituição afirmou que nenhuma data concreta havia sido estabelecida para a devolução dos corpos e que a Rússia não estava cumprindo o acordado para a troca de prisioneiros, ao mesmo tempo em que acusou Moscou de “jogo sujo” e “manipulações”.
A troca de 500 prisioneiros de guerra de cada lado, após uma troca anterior de 1.000 pessoas de cada lado em maio, era o único resultado concreto das recentes negociações diretas entre Moscou e Kiev.
Nas últimas semanas, as tropas russas intensificaram os ataques contra a Ucrânia, enquanto as negociações em Istambul, que buscam uma solução para o conflito que começou há mais de três anos, permanecem estagnadas.
Os ataques da noite atingiram principalmente as cidades de Kherson, no sul, e Kharkiv, no nordeste.
“Kharkiv sofreu o pior ataque desde o início da guerra total”, anunciou o prefeito Igor Terekhov, no Telegram. Ele informou um balanço de três mortos e 17 feridos.
Terekhov descreveu uma tempestade de mísseis, drones e bombas guiadas que atingiram a cidade simultaneamente, a segunda maior do país, com quase 1,4 milhão de habitantes, situada a menos de 50 km da fronteira russa.
Duas pessoas morreram em Kherson, um casal de cerca de 50 anos, segundo o chefe da administração regional, Oleksandr Prokudin.
Perto da frente de batalha, na região de Donetsk, morreram três pessoas.
“A Rússia prossegue com os ataques contra a população civil”, denunciou o chanceler ucraniano, Andrii Sibiga, que fez um novo apelo à comunidade internacional para “aumentar a pressão sobre Moscou e acabar com os massacres e a destruição”.
A Força Aérea ucraniana informou que a Rússia lançou 206 drones e nove mísseis contra o país.
Putin prometeu resposta
Na semana passada, o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu que Moscou responderia ao ataque ousado de drones ucranianos que destruiu vários aviões militares com capacidade nuclear.
As tropas russas, que ocupam quase 20% do território ucraniano, bombardeiam quase diariamente cidades ucranianas desde 2022 e intensificaram os ataques nas últimas semanas.
Em resposta, a Ucrânia também realiza ataques aéreos na Rússia quase todos os dias.
Moscou e Kiev participaram em duas rodadas de negociações em Istambul, promovidas pelo presidente americano, Donald Trump, mas não conseguiram aproximar suas posições.
Durante a segunda reunião, que aconteceu no início da semana, a delegação russa apresentou várias exigências a Kiev, incluindo a retirada de suas forças de quatro regiões das quais Moscou reivindica a anexação e que a Ucrânia desista do processo de adesão à Otan.
Zelensky respondeu que as condições eram “ultimatos” inaceitáveis.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs neste sábado, durante uma visita à França, que a ONU crie um grupo de “países que não estão envolvidos na guerra” para atuar na mediação entre Rússia e Ucrânia em busca de um acordo “realista”.
Lula sugeriu que o secretário-geral da ONU, António Guterres “pode propor um grupo de (países) amigos ao Zelensky e ao Putin, que converse com dois, ouça a verdade dos dois e depois construa uma alternativa” para o fim do conflito.
Desde o início da invasão, dezenas de milhares de pessoas morreram, amplas áreas do leste e sul da Ucrânia foram destruídas e milhões de pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas.