Satélite mostra caminhões posicionados perto da entrada da instalação de enriquecimento de combustível de Fordow, próxima a Qom, Irã. Foto: Maxar Technologies/Divulgação via REUTERS

Um relatório preliminar da Agência de Inteligência de Defesa dos Estados Unidos (DIA), obtido pelo New York Times, aponta que o ataque americano às instalações nucleares do Irã, realizado no último sábado (21), teve um efeito limitado.

Segundo o documento, as ofensivas danificaram entradas e equipamentos em três locais estratégicos — Fordow, Natanz e Isfahan — mas não destruíram as estruturas subterrâneas, onde ficam os principais laboratórios. O relatório contradiz as declarações oficiais do governo Trump, que havia afirmado “destruição total”.

De acordo com estimativas, se decidir produzir uma bomba atômica, Teerã poderá construir um artefato rudimentar em até seis meses. Antes dos ataques, essa projeção era de cerca de três meses. Isso se deve, em parte, ao fato de o Irã ainda deter quase todo seu estoque de urânio enriquecido, que foi deslocado antes da ofensiva.

Bombardeiro stealth B-2 Spirit. Foto: Reprodução

O governo americano empregou aviões B-2 Spirit, considerados os mais caros e avançados do mundo, com capacidade furtiva e equipados com bombas “bunker buster”, desenvolvidas para penetrar estruturas reforçadas no subsolo. Cada bomba pesa 13 toneladas e pode atingir até 60 metros de concreto. Apesar da sofisticação da operação — batizada de “Martelo da Meia-Noite” — os objetivos estratégicos não foram plenamente atingidos, segundo o relatório.

A Casa Branca reagiu à publicação com veemência. A porta-voz Karoline Leavitt disse que o documento “está completamente errado” e defendeu que as 14 bombas lançadas atingiram com precisão os alvos estipulados. “Todo mundo sabe o que acontece quando você joga 14 bombas de 30 mil libras perfeitamente nos alvos: destruição total”, afirmou. Nos bastidores, porém, autoridades admitem que, embora o ataque tenha causado prejuízo, ele não é suficiente para desmantelar o programa iraniano.

O ataque ocorreu poucos dias antes do anúncio de um cessar-fogo entre Israel e Irã, mediado com ajuda do Catar. A trégua entrou em vigor na madrugada de terça-feira (1h no horário de Brasília), mas rapidamente se mostrou frágil.

Relatos de novos ataques e acusações mútuas de violação do acordo colocaram em xeque a estabilidade do pacto. O presidente dos EUA, Donald Trump, chegou a dizer estar “insatisfeito com os dois lados”.

A operação militar dos EUA e o contexto de cessar-fogo reforçam a tensão crescente no Oriente Médio e colocam em destaque a disputa narrativa sobre os efeitos reais dos bombardeios. Enquanto o governo Trump busca reforçar a imagem de força e eficácia, relatórios técnicos sugerem que o Irã ainda dispõe de recursos suficientes para retomar seus avanços nucleares em pouco tempo, o que pode reacender novos confrontos na região.

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Last Update: 24/06/2025