Em artigo publicado pela agência iraniana Tasnim, Abdullah Abdullahi argumenta que o recente ataque dos Estados Unidos às instalações nucleares iranianas – incluindo os complexos de Natanz, Isfahan e especialmente Fordow – pode não passar de uma manobra com objetivos políticos mais amplos, entre eles oferecer uma “saída honrosa” para “Israel” na guerra contra o Irã. A destruição de Fordow, alardeada por Donald Trump e Benjamim Netaniahu, seria, segundo ele, um blefe destinado mais à propaganda do que à realidade estratégica.

As fotos de satélite da região que mostram que Fordow havia sido evacuada dois dias antes do ataque corrobora com a hipótese levantada pelo analista.

Segundo o autor, embora o ataque com bombas do tipo bunker buster possa ter causado danos físicos à instalação subterrânea de Fordow, localizada em uma área de alta segurança, a destruição completa da capacidade nuclear iraniana está longe de ter sido alcançada. Ele explica que o programa nuclear do Irã se sustenta sobre três pilares essenciais – conhecimento, tecnologia e infraestrutura – e que nenhum bombardeio é capaz de apagar o fator mais importante: o conhecimento científico, que já foi amplamente nacionalizado e distribuído no país.

Abdullahi relembra que “Israel” já tentou desmantelar o programa nuclear iraniano por meio do assassinato de cientistas, como no caso do físico nuclear Massoud Ali-Mohammadi em 2009, mas não obteve sucesso.

No tocante à tecnologia, ele ressalta que as centrífugas do Irã são majoritariamente desenvolvidas internamente, o que confere ao país autonomia para continuar seu progresso mesmo diante de sabotagens como a provocada pelo malware Stuxnet no passado. Quanto ao material enriquecido, o articulista afirma que parte significativa já foi transferida previamente, reduzindo o impacto prático de qualquer ataque.

Para Abdullahi, a alegação de destruição total serve antes como um instrumento de retórica, sugerindo que o objetivo real do ataque seria oferecer ao governo sionista uma vitória simbólica que permita justificar uma eventual retirada do conflito em que se envolveu.

Independentemente de o ataque ser um blefe ou não, a reação do Irã precisa ser firme e concreta.

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Last Update: 22/06/2025