A Polícia Federal (PF) encontrou em uma agenda com a logomarca da Caixa Econômica Federal, que estava em posse do general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Bolsonaro, diretrizes estratégicas que incluíam ataques às urnas eletrônicas e a recomendação de “evitar qualquer referência a homossexuais, negros, maricas, etc.”.
De acordo com a PF, as anotações registradas sob o título “Reunião de diretrizes estratégicas” demonstram a intenção do grupo criminoso de espalhar ataques contra o sistema eletrônico de votação.
Entre as diretrizes, a primeira destacava a identificação de áreas onde Jair Bolsonaro tinha “aliados confiáveis”. Outra recomendação era buscar “órgãos de imprensa que possam ser usados como canais de divulgação de ações do governo”, sugerindo, inclusive, “utilizar com mais frequência a EBC [Empresa Brasil de Comunicação]”.
Outro ponto orientava: “Não fazer qualquer referência a homossexuais, negros, maricas, etc.”, recomendando evitar comentários depreciativos e generalizações sobre o povo brasileiro. Por fim, mencionava-se a necessidade de “estabelecer um discurso sobre urnas eletrônicas e votações”, com a anotação: “É válido continuar a criticar a urna eletrônica”.
O relatório final da PF indicou que Augusto Heleno foi um dos 37 indiciados por envolvimento em ações contra o Estado democrático de direito. As investigações também apontaram que ele teve papel relevante em reuniões destinadas a engajar membros do governo na disseminação de alegações falsas sobre fraudes eleitorais e manipulações no sistema de votação.
Documentos apreendidos na residência do general Heleno indicaram que ele orientou agentes de inteligência a se infiltrarem nas campanhas eleitorais e defendeu o uso de órgãos do governo para assegurar a reeleição de Bolsonaro. Durante o período, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estava subordinada ao GSI.
Além disso, foi identificada a existência de uma minuta para criação de um “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”, planejado para ser instituído pelo GSI em 16 de dezembro de 2022, logo após a consumação do golpe de Estado. O objetivo seria assessorar Bolsonaro na gestão das consequências da ruptura institucional, com Heleno como chefe e o general Braga Netto como coordenador-geral.
O relatório concluiu que Heleno desempenhou “condutas penalmente relevantes” nas ações da organização criminosa, que atacaram instituições democráticas, o sistema eleitoral, o Supremo Tribunal Federal e seus membros. Documentos apreendidos também detalhavam inconsistências e vulnerabilidades das urnas, que serviram como base para a propagação de informações falsas.
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