Um atentado classificado como terrorista deixou ao menos 11 mortos e 29 feridos, entre eles dois policiais, durante uma celebração do Hanukkah realizada na praia de Bondi, em Sydney, na madrugada deste domingo (14). Dois homens abriram fogo contra o público que participava do evento. Um dos suspeitos morreu no local e o outro foi detido em estado grave.
Em entrevista coletiva, o comissário da polícia do estado de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon, afirmou que as autoridades tratam o caso como um “incidente terrorista” e investigam a possibilidade de envolvimento de um terceiro suspeito. As vítimas feridas foram encaminhadas a diferentes hospitais da cidade, e, segundo a polícia, o estado de saúde de parte delas é considerado grave.
Entre os mortos está o rabino Eli Schlanger, de 41 anos, nascido em Londres, além de um cidadão israelense. O jornal Jerusalem Post informou que Arsen Ostrovsky, colaborador do veículo e chefe do escritório do Australia/Israel & Jewish Affairs Council em Sydney, ficou ferido. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que, até o momento, não há registro de brasileiros entre as vítimas.
O primeiro-ministro de Nova Gales do Sul, Chris Minns, declarou que o ataque foi planejado para atingir diretamente a comunidade judaica de Sydney no primeiro dia do Hanukkah. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram um dos atiradores sendo desarmado por um homem que se aproximou sozinho e entrou em luta corporal com o agressor após os disparos. O homem, de 43 anos, foi baleado no braço e na mão, mas passa bem, segundo familiares ouvidos pela imprensa local.
Autoridades australianas informaram ainda que um objeto suspeito, possivelmente um artefato explosivo, foi retirado de um veículo estacionado próximo à praia. A área foi isolada para a atuação de equipes especializadas.
A tragédia teve repercussão internacional. O diretor-geral da inteligência australiana (ASIO), Mike Burgess, disse que a agência avalia a identidade dos atiradores e eventuais conexões com outros indivíduos ou grupos. Segundo ele, o nível de ameaça terrorista no país permanece classificado como “provável”.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, afirmou que as imagens do ataque são “angustiantes e chocantes” e prestou solidariedade às famílias das vítimas. A ministra das Relações Exteriores, Penny Wong, classificou o atentado como “repugnante” e reforçou que “terrorismo, antissemitismo, violência e ódio não têm lugar na Austrália”.
Líderes internacionais também se manifestaram. O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o que chamou de “ataque hediondo e mortal”. Os Estados Unidos repudiaram o atentado, e o presidente de Israel, Isaac Herzog, classificou o episódio como um ataque cruel contra judeus. Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, responsabilizou o governo australiano por, segundo ele, estimular o antissemitismo ao reconhecer o Estado palestino.
No Reino Unido, autoridades anunciaram o reforço da segurança em áreas e instituições ligadas à comunidade judaica durante as celebrações do Hanukkah.
Ataques a tiros em massa são raros na Austrália, país que adotou leis rigorosas de controle de armas após o massacre de Port Arthur, em 1996, quando 35 pessoas foram mortas. O episódio deste domingo reacendeu o debate sobre extremismo e segurança em eventos públicos no país.
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