Laura Sabino em vídeo que explica a tentativa de assassinato. Foto: reprodução

A influenciadora e militante Laura Sabino, de 25 anos, vítima de tentativa de assassinato pelo próprio irmão, voltou a se manifestar após o caso de violência familiar ser tornada público. Alvo de constantes ataques da direita, ela afirmou que as ameaças não acabaram e manter o caso em segredo desde março apenas fortalecia os agressores.

“Nas últimas semanas, recebi mensagens e indiretas que me fizeram entender que esconder o que vivi só dá mais poder ao que aconteceu”, escreveu no X. A militante comunista também explicou está em segurança, próxima aos familiares e pessoas que ama.

Por fim, a influenciadora contou que pretendia manter o caso em segredo, mas decidiu expor de vez a tentativa de assassinato quando percebeu que a informação já circulava nas redes sociais. “Que vocês saibam direto de mim”, disse  Laura na mensagem para acalmar seus seguidores, indicando o vídeo em seu canal no YouTube feito para contar toda a sua história.

Tentativa de assassinato

Laura Sabino sobreviveu a uma tentativa de assassinato cometida por seu irmão em 14 de março deste ano, em Belo Horizonte. O ataque, que durou cerca de 20 minutos, incluiu nove facadas e uma tentativa de queimá-la viva.

Apesar de cinco boletins de ocorrência, inclusão no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos e uma medida protetiva concedida cinco dias antes do crime, ela não foi poupada da agressão. “Pensei que ia morrer. Sentia meu corpo ficando mais fraco”, relatou Laura em entrevista ao portal A Pública.

Dois dias antes do ataque, uma fake news associando a influencer a drogas e maus-tratos a funcionários de um prédio (onde ela nunca morou) viralizou nas redes. Apesar de ter desmentido a informação, ela foi alvo de uma enxurrada de mensagens de ódio. Durante o ataque, o irmão fez referências ao conteúdo difamatório: “Ele disse que eu era um personagem da internet, que defendo patifarias, que por isso eu estava me fodendo na internet”.

A relação conflituosa com o irmão já havia sido documentada em áudios e mensagens. Ele a chamava de “vagabunda” e ameaçava invadir sua casa. Em setembro de 2023, Laura participou de uma audiência pública sobre violência de gênero, alertando sobre o aumento das ameaças. A medida protetiva foi concedida em 10 de março, mas a notificação judicial só ocorreu após o crime.

Na manhã do crime, o irmão pulou o muro da casa de Sabino, pegou duas facas de serra na cozinha e a atacou enquanto ela estudava. “Senti algo quente escorrendo. Olhei para baixo e vi o chão cheio de sangue”, contou. Após as facadas, ele tentou queimá-la viva com álcool gel. “Quando passei da porta do quintal, liguei pro meu namorado e falei: ‘Ele me matou. Ele conseguiu. Eu vou morrer’”.

O agressor foi preso em flagrante e aguarda julgamento. Em depoimento, afirmou que queria matar a irmã e cometer suicídio para “atingir o pai”. No entanto, áudios revelam motivações financeiras: ele esperava herdar recursos do pai, que retornava de um pós-doutorado em Portugal.

A família tentou ajudar o agressor, pagando por tratamento psiquiátrico, mas enfrentou a falta de vagas no sistema público e os altos custos de clínicas particulares. Mensagens do irmão reproduzem discursos misóginos e homofóbicos, ecoando ataques que Sabino já sofria online, incluindo a divulgação não consensual de um vídeo pornô atribuído falsamente a ela.

“Alguém podia tanto te matar, vei. Na moral. Vagabunda”, escreveu o irmão em uma das ameaças. A Defensoria Pública de Minas Gerais informou que ainda não designou um defensor para o caso.

 

 

 

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Last Update: 12/06/2025