Investigados no inquérito das joias mentiram e combinaram versões para proteger o ex-presidente Jair Bolsonaro no caso, segundo a Polícia Federal. A corporação aponta que os ex-assessores Osmar Crivelatti e Marcelo Câmara foram os responsáveis por orquestrar a estratégia.
Em depoimentos, eles repassaram informações erradas sobre a localização, a movimentação e o destino de joias, como dizer que elas estavam na fazenda do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, em Brasília, junto de outros itens do acervo privado de Bolsonaro.
A ideia era trazer as joias do exterior de forma oculta e simular uma entrega a partir da fazenda depois da determinação do TCU (Tribunal de Contas da União) para devolvê-las. Câmara negou à PF que os itens foram levados aos Estados Unidos.
“Evidencia-se, claramente, que os investigados combinaram as versões a serem apresentadas às autoridades policiais, com o objetivo de tentar ocultar os atos ilícitos praticados, no caso o envio das joias ao exterior para serem negociadas e seus proventos serem revertidos, ilicitamente, ao patrimônio do ex-presidente”, diz o relatório da corporação.
Câmara ainda negou ter sido procurado por Bolsonaro ou auxiliares “para dizer ou omitir algo”, segundo a PF. Crivelatti também seguiu a narrativa durante depoimentos, mas em agosto de 2023 foi novamente ouvido e admitiu que prestou informações falsas quando participou de oitiva na condição de testemunha meses antes.
“Crivelatti admitiu ainda que tinha conhecimento de que as joias do kit ouro rosé haviam sido enviadas para o exterior, confirmando que prestou informações falsas no depoimento anterior”, diz o relatório. Em março deste ano, ele prestou um novo depoimento e afirmou que Bolsonaro “tinha plena ciência” de que o conjunto estava nos Estados Unidos.
Questionado sobre o motivo de ter mentido, ele admitiu que sabia da falsidade da informação e que apenas seguiu o depoimento de Câmara. “Procurou manter a mesma versão, mesmo ciente da falsidade das afirmações”, aponta a PF.
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