
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, aceitou pela primeira vez que os Estados Unidos e líderes europeus ofereçam à Ucrânia garantias de segurança semelhantes às previstas no artigo 5 da Otan. A informação foi confirmada por Steve Witkoff, enviado especial do presidente americano Donald Trump, que participou da rodada de negociações realizada na última sexta-feira (15), no Alasca.
O posicionamento foi considerado “revolucionário” pelo representante americano, já que Moscou sempre se opôs a qualquer medida que pudesse aproximar Kiev da aliança militar ocidental.
De acordo com Witkoff, a proposta permitiria que Washington e países da União Europeia assegurassem à Ucrânia uma proteção coletiva, na qual um ataque armado seria interpretado como uma ofensiva contra todos os signatários, obrigando resposta imediata.
Embora Putin continue rejeitando a adesão formal da Ucrânia à Otan, essa solução intermediária surge como alternativa para reduzir as tensões. Até o momento, autoridades russas não comentaram publicamente sobre os termos apresentados.
Em declaração à CNN, Witkoff afirmou que o avanço das conversas foi significativo. “Fizemos mais progresso nessa reunião do que em todos os outros encontros anteriores. O presidente dos EUA e eu acreditamos que estamos caminhando para o fim da guerra, e não apenas para um cessar-fogo”, disse.

Trump, por sua vez, usou as redes sociais para reforçar que houve “grandes avanços com a Rússia”, mas não deu detalhes sobre os pontos acordados. O debate sobre concessões territoriais também avançou. Neste domingo (17), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu pela primeira vez considerar negociações que partam da atual linha de frente.
A fala ocorreu após encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas. Segundo informações divulgadas por Witkoff, a Rússia estaria disposta a ceder cinco regiões, em contrapartida ao reconhecimento do controle total sobre outras áreas que já estão sob ocupação parcial de Moscou.
Trump teria sinalizado apoio a duas propostas apresentadas pela Rússia: consolidar o domínio sobre regiões administrativas inteiras e congelar a linha de frente em territórios disputados. Essa configuração, segundo analistas, poderia abrir caminho para negociações mais amplas, ainda que envolvam perdas territoriais para Kiev, algo até então considerado inaceitável pelos europeus.
Witkoff destacou que as tratativas não se limitam a Moscou. Os EUA já teriam conversado diretamente com Zelensky, que estará em Washington nesta segunda-feira (18) acompanhado de uma comitiva de líderes europeus. Para o enviado americano, a presença de Emmanuel Macron, Keir Starmer, Giorgia Meloni, Ursula von der Leyen e outros nomes reforçará o peso político do encontro com Trump.
A França também se pronunciou sobre o momento delicado. O presidente Emmanuel Macron afirmou que o encontro de segunda-feira tem como objetivo mostrar “uma frente unida” da Ucrânia e seus aliados. “Se formos fracos hoje, pagaremos caro amanhã. A Europa precisa ser forte e respeitada para garantir sua liberdade e independência”, declarou o líder francês.