Formada por representantes femininas de diversos locais do país, o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) teve sua luta de 40 anos por direitos homenageada em sessão solene do Congresso Nacional nesta segunda-feira (12/8). A data marca ainda 41 anos da morte da líder sindical e camponesa Margarida Alves, assassinada a mando de latifundiários e que, há um ano, passou a compor o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

A sessão foi requerida pela senadora Augusta Brito (PT-CE) e pela deputada federal Camila Jara (PT-MS). A organização surgiu no Brasil nos anos 1980, em resposta às mudanças na agricultura, de forma a promover a agroecologia. Também tem como diretriz a luta dos direitos das mulheres, em especial o combate a todas as formas de opressão e violência de gênero.

“Em tempos de adversidade e transformação, essas mulheres não apenas desafiaram as estruturas opressoras da sociedade, mas também plantaram as sementes de um futuro mais justo e sustentável para todas nós. Empregar a expressão ‘mulheres camponesas’ é um ato de afirmação e valorização do papel dessas mulheres na sociedade; é uma forma de dar visibilidade às suas lutas e conquistas, que muitas vezes são negligenciadas.”, destacou a senadora Augusta Brito.

Neta de uma mulher assentada e camponesa, a deputada Camila Jara destacou a luta dessas mulheres, que “acordam todos os dias antes de o sol raiar para alimentar a cidade”. “Durante muito tempo, todos os direitos alcançados por vocês foram fruto de muita luta, de muita passeata e de muita manifestação. Eu só posso agradecer a luta de vocês”, disse a deputada. “Que a gente consiga avançar na garantia de direitos. Que permaneçamos em marcha até que todas sejamos livres”, completou Camila Jara.

Integrante da Coordenação Nacional do MMC, Mirela Diovana Milhomem destacou que o movimento, que se espalha em 16 unidades federativas, é formado por agricultoras, ribeirinhas, extrativistas, negras, indígenas e descendentes de europeus e que é preciso reafirmar a luta internacional em defesa dos povos.

“Através do feminismo camponês popular reafirmamos a solidariedade na luta de gênero, raça, classe e etnia. Reafirmamos a luta na defesa ambiental e planetária do campo, das águas e das florestas. Que cessem a invasão por meio de grandes projetos do agro-hidro-minero-negócio”, disse Mirela.

Já a representante da Marcha Mundial das Mulheres, Sônia Coelho lembrou a conquista do direito à licença maternidade para mulheres do campo.

“Outra luta fundamental é a questão da seguridade, a questão da previdência no campo, porque sabemos que é uma política fundamental para as mulheres no campo e sabemos hoje quantas famílias são sustentadas por aposentadoria das mulheres no campo”, destacou.

Luta

Integrante da Articulação de Mulheres Brasileiras, Joana Santos Pereira disse que a luta feminista se retrata no combate às opressões impostas às mulheres.

“Fazer homenagem é muito bom, porque fortalece nossas lutas, nossas forças. Essa luta se retrata no monitoramento da pauta que trazemos”, disse.

Representante do Movimento dos Pequenos Agricultores, Anderson Amaro Silva dos Santos afirmou que o MMC é um símbolo de empoderamento, de resistência e resiliência, em um cenário onde muitas vezes as vozes das mulheres são silenciadas.

“A luta das mulheres camponesas é de todas e de todos nós e continua cada dia mais necessária. O MMC nos inspira a continuar na construção do novo homem, e nós devemos superar juntos”, expôs.

Mudanças

O ministro de Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, destacou que há em curso hoje uma mudança com a liderança crescente das mulheres, que “estão à frente de diferentes lutas”. O gestor destacou programas do governo Lula destinados às mulheres camponesas, como 90 mil quintais produtivos.

“Mulheres são muito importantes e decisivas para alcançarmos a soberania alimentar no Brasil. Hoje nosso grande esforço é tirar o Brasil do Mapa da Fome”, enfatizou o ministro.

Já a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, afirmou que, apesar das dificuldades, o MMC tem obtido sucesso e alcançado conquistas através de suas lutas.

“A dura realidade ainda nos permeia. Ainda somos aquelas que estão mais embaixo na questão da igualdade”, disse a ministra, ao lembrar das dificuldades para se conseguir implantar a Lei da Igualdade Salarial, que está sendo contestada no Supremo Tribunal Federal (STF).

Com informações da Agência Senado

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Última Atualização: 12/08/2024