A UG Solutions, empresa norte-americana acusada de crimes de guerra em Gaza, contratou uma firma de relações públicas dirigida por altos funcionários dos governos democratas Barack Obama e Joe Biden. A medida tenta conter a reação internacional após a divulgação de vídeos em que seus mercenários disparam contra civis palestinos que buscavam ajuda humanitária no sul do enclave, em meio à ofensiva genocida de “Israel”.
A manobra foi revelada pelo jornalista Jack Poulson, que documentou a contratação da empresa de comunicação Seven Letter, cujos quadros incluem nomes como Sabrina Singh, ex-porta-voz do Pentágono durante o governo Biden, famosa por minimizar ou negar os crimes sionistas em Gaza. Singh, atualmente consultora na WestExec Advisors — firma estreitamente ligada à Casa Branca —, foi recentemente incorporada ao time da Seven Letter, responsável por administrar a nova página de imprensa da UG Solutions.
A empresa mercenária havia apagado todo seu material de imprensa após a publicação, pelo portal The Grayzone, de imagens em que seus combatentes abriam fogo contra multidões famintas em pontos de distribuição de alimentos. O massacre ocorreu na zona chamada Corredor de Netzarim, região militarizada sob controle das Forças Armadas sionistas, onde a UG Solutions atua desde janeiro como subcontratada da Safe Reach Solutions, esta última dirigida pelo ex-agente da CIA Philip Reilly.
As imagens dos disparos foram inicialmente publicadas pela própria UG Solutions em sua antiga página (ugsolutions.press), removida em seguida. O novo sítio, criado pela Seven Letter, reintroduziu os materiais com datas retroativas (3 de junho), omitiu os vídeos e apresentou uma versão “corrigida” dos fatos. Quando questionada sobre a exclusão dos arquivos, a Seven Letter alegou problemas técnicos, mas não restaurou as imagens, levantando ainda mais suspeitas.
Além de Singh e Andrew O’Brien — ex-enviado especial do Departamento de Estado durante o governo Obama — a firma Seven Letter inclui Adam Abrams, ex-diretor de comunicação regional do governo democrata. A empresa se define como uma agência de “comunicação estratégica completa”, mas foi convocada claramente como força de contenção diante da indignação pública causada pelo massacre em Gaza.
Segundo a ONU, ao menos 615 palestinos foram mortos em incidentes nas proximidades das áreas de distribuição de ajuda administradas por essas empresas desde o início das operações. Nenhuma prova foi apresentada pelas forças de ocupação ou pelas companhias contratadas para sustentar a alegação de que os alimentos estariam sendo “saqueados pelo Hamas”, principal justificativa para o bloqueio e as ações militares nessas regiões.
Enquanto isso, outra empresa de relações públicas ligada ao Partido Democrata, a SKDK, também atua diretamente na ofensiva propagandística de “Israel”. A firma, composta por ex-funcionários do governo Biden, foi contratada pelo Ministério das Relações Exteriores sionista e pelo chamado Projeto 10/7, iniciativa dedicada a perseguir e silenciar jornalistas críticos da ocupação de Gaza.
Entre os dirigentes da SKDK está Vedant Patel, ex-porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, duramente criticado por defender os massacres em Gaza e desconsiderar relatórios de organizações de direitos humanos. Ele agora dirige ações coordenadas para proteger a imagem do regime sionista na imprensa ocidental.
Em paralelo, a UG Solutions passou a promover oportunidades de estágio não remunerado, anunciando a chance de trabalhar com “ferramentas de fusão de inteligência baseadas em IA desenvolvidas por ex-operadores das Forças Especiais e da CIA”. Quando questionada sobre o programa, a Seven Letter se recusou a responder, citando “sigilo trabalhista”.
As empresas envolvidas no massacre e sua operação de cobertura midiática perderam seus principais dirigentes nos últimos meses. Em maio, o diretor-executivo da GHF (organização humanitária de fachada que cobria a operação militar das mercenárias) renunciou alegando problemas éticos. No seu lugar, entraram figuras ligadas ao governo norte-americano e à extrema-direita religiosa dos EUA, como Johnnie Moore, publicitário evangélico pró-sionista, e John Acree, ex-oficial da USAID — órgão historicamente utilizado para ações de desestabilização política em países visados pelo imperialismo.
A aliança entre mercenários, propaganda e ex-funcionários de Estado revela como o genocídio em Gaza conta com um sistema articulado de encobrimento público. Enquanto os palestinos são mortos por buscar alimento, as empresas responsáveis pelo massacre são defendidas por quem serviu no alto escalão da “democracia” norte-americana. As conexões entre CIA, Pentágono, Departamento de Estado e os porta-vozes do massacre escancaram que o imperialismo norte-americano não apenas financia, mas organiza e blinda o terrorismo sionista contra o povo palestino.