“Que cenas de violência como aquela que aconteceu em Foz do Iguaçu nunca mais se repitam”, declarou Gleisi Hoffmann; júri popular decidiu a pena
Dois anos e meio após o assassinato do tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu, o ex-policial penal Jorge Guaranho foi condenado a 20 anos de prisão por homicídio qualificado. O crime, ocorrido em julho de 2022 durante uma festa de aniversário temática do partido, expôs a violência bolsonarista que marcou a eleição daquele ano. A sentença, decidida por júri popular em Curitiba nesta quinta (13), considerou agravantes como motivo torpe e risco a terceiros.
Marcelo Arruda celebrava seus 50 anos com decoração vermelha e uma camiseta de Lula quando Guaranho invadiu o local tocando músicas de campanha de Jair Bolsonaro. Testemunhas relataram que, após uma discussão inicial, o ex-policial retornou armado e acertou dois tiros em Arruda, que morreu no local. Câmeras de segurança registraram o crime.
Nas redes sociais, a deputada federal (PT-PR) e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, solidarizou-se com as pessoas próximas da vítima, ressaltando a necessidade de civilidade na política: “Meu abraço a todos os amigos e familiares do Marcelo! Política se debate no campo das ideias.“
O assassino do companheiro Marcelo Arruda irá cumprir 20 anos de prisão em regime fechado. Jorge Guaranho foi condenado por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil, associado à violência política. Nada repara a dor de perda, mas saber que a justiça foi feita é muito…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) February 13, 2025
Lindbergh Farias, deputado federal (PT-RJ) e líder do PT na câmara, também se pronunciou, citando a pena aplicada e lembrando que “o bolsonarismo é extremista”.
🚨URGENTE
O ex-policial bolsonarista Jorge Guaranho foi CONDENADO A 20 ANOS DE PRISÃO pela morte do tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu (PR) Marcelo Arruda.
O bolsonarismo é extremista!
JUSTIÇA FOI FEITA! pic.twitter.com/bKzZ17gRIm
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) February 13, 2025
Defesa tenta apagar motivação política, mas júri rejeita tese
A estratégia da defesa focou em desvincular o crime da polarização eleitoral. Guaranho alegou legítima defesa, afirmando que Arruda o ameaçou com uma arma – versão refutada por vídeos e testemunhas. O Ministério Público destacou que o réu voltou ao local após a primeira discussão, caracterizando premeditação.
“Quando ele voltou, já chegou atirando e provocando os presentes fazendo referências às posições políticas de Arruda que festejava o aniversário com a família e amigos”, disse o advogado Daniel Godoy. O júri, presidido pela juíza Mychelle Stadler, aplicou a pena em regime fechado.
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Família cobra reconhecimento do crime político
Pamela Silva, viúva de Arruda, destacou que a condenação não devolverá o marido, mas é essencial para frear a violência. “É importante que se configure como crime político para que ninguém mais tenha medo, pois nossa família quase não sai mais de casa. Nunca mais voltamos à vida normal, queremos justiça”, declarou.
A defesa de Guaranho anunciou recurso, enquanto ele inicia o regime fechado no Complexo Médico Penal. Para movimentos sociais, a sentença simboliza um freio à impunidade em crimes de ódio. Mas nunca é demais reforçar que não podemos deixar a prática bolsonarista de violência política virar rotina.
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