![Trump's Gaza plan won't happen, but it could certainly shake up the region | The Times of Israel](https://static-cdn.toi-media.com/www/uploads/2025/02/AP25035860802099.jpg)
A proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tomar a Faixa de Gaza e expulsar os palestinos que vivem na região gerou forte condenação de aliados e adversários dos EUA. O republicano chegou a ser chamado de “insano”, “racista” e “criminoso”. Com informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
A declaração foi feita durante uma entrevista coletiva na Casa Branca, ao lado do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, na última terça-feira (4). “Os EUA assumirão a Faixa de Gaza, e faremos um trabalho com ela também”, afirmou Trump.
Ele também sugeriu que outros países poderiam receber os palestinos que vivem na Faixa de Gaza. “Ela tem sido símbolo de morte e destruição por décadas, tão ruim para a população que vive ali. Muita falta de sorte naquele lugar. Não deveria ocorrer um processo de reconstrução pelas mesmas pessoas que estão lá. Em vez disso, deveriam ir para outros países com interesse em questões humanitárias”, disse.
AO LADO DE NETANYAHU:
Trump imita aquele austriaco de bigodinho, que defendia o "Espaço Vital", e afirma que tomará Gaza.
Ele só confirmou o que à esquerda já denunciava:
Nunca foi por conta do Hamas. Foi para expandir territórios.
E tem "cristão" que defende isso… pic.twitter.com/Q1cI5F01GG
— Esquerda Libre 🚩 (@EsquerdaLibre) February 5, 2025
A ideia de deslocar mais de 2 milhões de palestinos para outras regiões foi amplamente rejeitada no Oriente Médio. Trump também foi acusado de estar “pedindo abertamente por limpeza étnica” ao sugerir a remoção da população de Gaza.
Reações internacionais
China
O governo chinês condenou qualquer tentativa de “transferência forçada” de palestinos da Faixa de Gaza. “A China sempre defendeu que o governo palestino sobre os palestinos é o princípio básico da governança de Gaza no pós-guerra, e nos opomos à transferência forçada dos residentes de Gaza”, afirmou Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
Arábia Saudita
A Arábia Saudita reafirmou que não normalizará relações com Israel sem a criação de um Estado palestino. O Ministério das Relações Exteriores saudita declarou que rejeita qualquer tentativa de deslocar palestinos de suas terras, classificando isso como inegociável.
“A Arábia Saudita também reitera sua rejeição inequívoca, anunciada anteriormente, de qualquer violação dos direitos legítimos do povo palestino, seja por meio de políticas de assentamento israelenses, anexação de terras palestinas ou tentativas de deslocar o povo palestino de suas terras”, disse o comunicado oficial.
Turquia
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, também criticou a proposta de Trump. “Essa é uma questão inaceitável. Isso é algo que nem nós nem a região podemos aceitar. É errado sequer trazer isso à tona para discussão”, afirmou.
Alemanha
A Alemanha rejeitou a proposta e reafirmou seu apoio a uma solução de dois Estados. “A população civil de Gaza não deve ser expulsa e Gaza não deve ser permanentemente ocupada ou repovoada”, declarou Annalena Baerbock, ministra das Relações Exteriores.
Autoridade Palestina
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, classificou a proposta de Trump como “inaceitável e perigosa”. O secretário-geral da OLP, Hussein al-Sheikh, afirmou que qualquer solução deve respeitar o direito internacional e a autodeterminação palestina.
O embaixador da Palestina na ONU, Riyad Mansour, reforçou: “Gaza é nossa terra e não sairemos de lá.”
Hamas
O Hamas, grupo que iniciou a guerra com Israel após o ataque de 7 de outubro de 2023, chamou a proposta de “racista” e alertou para um possível aumento da violência na região.
Sami Abu Zuhri, um dos líderes do grupo, afirmou: “Os comentários de Trump sobre seu desejo de controlar Gaza são ridículos e absurdos. Nós os consideramos uma receita para gerar caos e tensão na região.”
Jordânia
A Jordânia, aliada dos EUA, também rejeitou a ideia. O rei Abdullah visitará Washington para discutir a questão, já que o país tem sido pressionado por Trump a receber parte dos palestinos deslocados.
Rússia
O governo de Vladimir Putin também se manifestou contra a proposta. “Há planos israelenses para assumir o controle total da Cisjordânia ocupada e tentativas de deslocar os palestinos da Faixa de Gaza”, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
Austrália e Nova Zelândia
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, reafirmou o compromisso do país com a solução de dois Estados. “A posição da Austrália é a mesma de hoje, do ano passado e de 10 anos atrás”, declarou.
Da mesma forma, o Ministério das Relações Exteriores da Nova Zelândia divulgou um comunicado reforçando seu “apoio de longa data a uma solução de dois Estados” e afirmou que, da mesma maneira, “não comentará todas as propostas apresentadas”.
Reações nos Estados Unidos
A Anistia Internacional criticou a proposta de Trump e alertou que a remoção forçada da população de Gaza “equivaleria a destruição como povo”.
O Comitê Antidiscriminação Americano-Árabe (ADC) chamou a ideia de “aterrorizante” e “insana”. O Conselho de Relações Americano-Islâmicas alertou para as consequências humanitárias da proposta. Já o Instituto Árabe-Americano afirmou que Trump e Netanyahu discutiram “genocídio e limpeza étnica”.
Entre políticos democratas, o senador Chris Coons classificou os comentários de Trump como “ofensivos, insanos, perigosos e tolos”. A deputada Rashida Tlaib, de origem palestina, acusou Trump de estar “pedindo abertamente por limpeza étnica” ao sugerir a remoção da população de Gaza.