A economia norte-americana enfrentou dois episódios de crise significativos nos últimos anos, levando o Federal Reserve e as equipes de economia dos governos a adotarem soluções que contribuíram para um processo lento de recuperação.

A primeira crise a ser mencionada foi a crise de 2008/2009, que levou o desemprego no país a alcançar 10% e uma recuperação “dolorosamente lenta”, como explica Michael J. Boskin, professor de economia da Stanford University e membro sênior da Hoover Institution.

Boskin destaca que o Federal Reserve foi forçado a adotar uma série de medidas não convencionais, incluindo reduzir a taxa básica de juros para zero e implementar vários pacotes e medidas para estimular a economia.

“É difícil separar os efeitos a curto prazo de políticas diversas daqueles que poderiam ter ocorrido em qualquer caso ou do efeito atrasado de políticas anteriores”, afirma o autor.

Boskin também destaca que a desigualdade estava em declínio e os salários estavam avançando mais rapidamente antes da pandemia, em 2020, que foi acompanhada pela reforma fiscal de 2017 do Presidente Donald Trump e pela reversão da excessiva regulamentação pela administração anterior.

No entanto, a pandemia de covid-19 no início de 2020 levou os governos federal e estadual a fechar boa parte da economia, levando o desemprego a saltar de 3,5% para 14,8% em apenas dois meses.

“A Fed reduziu novamente sua taxa alvo para zero, comprou grandes volumes de títulos do Tesouro e títulos garantidos por hipotecas e criou múltiplos canais de empréstimo e liquidez”, relembra o economista, destacando também os mais de US$ 4 trilhões direcionados para uma série de iniciativas que ajudaram o país a se recuperar mais rapidamente do que no ciclo pós-Grande Recessão, graças também à vacinação.

Diante disso, Boskin afirma que “nunca se deve presumir que as taxas de juros permanecerão baixas para sempre”, embora a capacidade de endividamento dos países desenvolvidos tenha se mostrado maior do que o imaginado.

“Ainda não sofremos aquela que teria sido a recessão mais esperada da história. Mas acabará por haver outra recessão, e a lição final das crises recentes é que, se não conseguirmos aprender com o passado recente, os políticos serão novamente tentados a responder com itens dispendiosos da lista de desejos, ou a usar a crise como mais uma desculpa”, ressalta o autor.

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Última Atualização: 05/07/2024