Incentivo à produção e a diversificação de culturas pelo país a partir das mudanças climáticas são algumas das ferramentas cogitadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para o combate à inflação dos alimentos, um dos principais problemas enfrentados pelo governo Lula.
Em entrevista ao jornalista Leandro Demori e à economista Deborah Magagna, do ICL Notícias, Haddad afirma que o país tem “todas as condições” de continuar ampliando sua produção de alimentos de forma adequada, e sem desmatamentos.
“Nós batemos recordes (de safra) em 2023 e 2024, e queremos fazer o mesmo em 2025. Assim que o Orçamento for aprovado, nós vamos lançar o Plano Safra para a próxima safra, e eu quero crer que o Brasil tem todas as condições de continuar ampliando a sua produção e numa forma adequada sem desmatamento (…)”, disse.
“Provavelmente, nós vamos colher uma grande safra a partir do final desse mês, começo de março. Uma grande safra, talvez a maior safra – se não for a maior, vai ser uma das maiores. E é assim que nós vamos continuar exportando muito alimento e garantindo o abastecimento interno”.
Além de destacar o ministro do Meio Ambiente, Marina Silva, no combate ao desmatamento, Haddad cita o trabalho feito pelo Ministério da Agricultura para lidar com as áreas degradadas “que estão sendo recuperadas em um programa bastante importante subsidiado para que pastagens degradadas sejam recuperadas e destinadas a da produção de alimentos”.
Diversificação para lidar com as mudanças climáticas
Outro mecanismo citado por Haddad para o controle da inflação de alimentos foi a recomposição dos estoques reguladores, determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a destruição vista nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Haddad também aponta a diversificação de culturas pelo país como uma maneira de reduzir o impacto das mudanças climáticas, citando como exemplo o caso do arroz – as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 afetaram a safra de forma expressiva.
“Há uma tentativa de espalhar as culturas por vários estados. Nós estamos em um período de crise climática (…) Nós vamos ter que lidar, hoje, com a questão da mudança climática diversificando as culturas pelo território, de maneira que se um estado for afetado, os demais suprem a oferta necessária para estabilizar os preços”.
Um outro ponto que comprometeu os preços dos alimentos veio dos Estados Unidos, que mantiveram os juros em patamares muito elevados, o que impulsionou a cotação do dólar no mercado global.
“Quando o dólar está muito forte no mundo inteiro, ele causa inflação no mundo inteiro porque parte do que a gente produz a gente exporta. Então os preços internacionais acabam balizando isso”, explica o ministro, ressaltando que o ciclo de queda da moeda nos últimos dias para níveis “mais aderentes aos fundamentos da economia brasileira” pode levar a uma estabilização de preços a um patamar considerado “mais adequado” por Haddad.
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