O ano de 2024 terminou com a derrota de Joe Biden e a máquina de guerra do Partido Democrata, enquanto 2025 começou com a posse vitoriosa do presidente venezuelano Nicolás Maduro, nos braços do povo e em resistência ao imperialismo. O ano que se inicia reserva uma série de eleições cruciais, que terão impacto significativo no futuro dos países imperialistas, bem como na organização da classe trabalhadora nesses contextos.
Embora o ritmo eleitoral de 2025 seja menos intenso do que o de 2024, quando grandes democracias burguesas como Índia, México e Estados Unidos foram às urnas, os pleitos deste ano mantêm seu valor e relevância. A vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA, por exemplo, já está influenciando o cenário político global, direta ou indiretamente. A seguir, destacamos algumas das eleições mais relevantes confirmadas para 2025.
Equador
O presidente Daniel Noboa busca consolidar seu governo tentando um mandato completo nas eleições gerais do Equador. Eleito em 2023 em um pleito antecipado, Noboa baseia sua campanha em um discurso de direita focado no combate à violência ligada ao narcotráfico, declarando o país em “conflito armado interno”. Embora medidas como o estado de emergência e as reformas na segurança encontrem apoio em alguns setores, elas também reforçam o aparato repressivo, atacando os trabalhadores e prejudicando o devido processo legal. O ex-presidente Rafael Correa e o ex-vice-presidente Jorge Glas, por exemplo, continuam sendo alvo de perseguições promovidas pelo imperialismo.
Além disso, Noboa enfrenta desafios econômicos agravados pela crise fiscal neoliberal. Sua tentativa de reaproximação com os Estados Unidos inclui propostas controversas, como a reabertura de bases militares estrangeiras. Entre os adversários, destacam-se Luisa González, do CR5 (partido de Correa), e Leonidas Iza, líder indígena com grande influência na juventude. Caso nenhum candidato obtenha 40% dos votos com uma vantagem de 10 pontos no primeiro turno, haverá um segundo turno em abril.
Alemanha
A Alemanha realizará eleições parlamentares antecipadas após o colapso da coalizão liderada pelo chanceler Olaf Scholz, em novembro de 2024. Scholz, que assumiu o cargo após Angela Merkel em 2021, liderava uma coalizão tripartite formada pelo Partido Social-Democrata (SPD), os Verdes e o Partido Liberal Democrático (FDP). Disputas internas sobre gastos públicos e políticas climáticas, somadas à crise energética e alimentar gerada pela russofobia de Scholz, levaram à dissolução do governo.
Com a extrema-direita ganhando força através do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que adota discursos anti-Ucrânia, os partidos tradicionais enfrentam o desafio de manter a chamada “barreira sanitária”. Pesquisas indicam vantagem para a União Democrata-Cristã (CDU), seguida pelo AfD e pelo SPD. O resultado das eleições determinará se a Alemanha continuará alinhada à política dos Democratas norte-americanos ou se buscará maior aproximação com a agenda de Donald Trump.
Polônia
A Polônia elegerá um novo presidente em meio a tensões entre o governo conservador e forças progressistas. Com Andrzej Duda impedido de concorrer, a disputa promete ser acirrada entre o partido governista Lei e Justiça (PiS) e a Coalizão Cívica (KO), liderada pelo ex-primeiro-ministro Donald Tusk. Enquanto Duda apoiou políticas alinhadas à direita populista, Tusk tenta se apresentar como alternativa, com foco em pautas identitárias. Entretanto, o apoio contínuo à Ucrânia e as divisões internas podem influenciar os resultados, já que grande parte da população rejeita o financiamento ao regime vizinho.
Austrália e Japão
Na Austrália, o primeiro-ministro Anthony Albanese enfrenta um cenário político incerto antes das eleições federais de maio. Apesar de prometer pautas populares, sua gestão foi marcada por propostas simbólicas e irrelevantes, como a criação de um órgão consultivo indígena, rejeitado em referendo. A oposição conservadora lidera as pesquisas, e partidos menores podem desempenhar um papel decisivo na formação do próximo governo.
No Japão, as eleições para metade dos assentos da Câmara dos Conselheiros serão um teste para o governo do primeiro-ministro Shigeru Ishiba. Após assumir o cargo em meio a escândalos financeiros que derrubaram seu antecessor, Ishiba enfrenta desafios como baixa popularidade e dificuldades para aprovar legislações em um parlamento fragmentado.
Bolívia
A Bolívia será palco de uma disputa interna no Movimento ao Socialismo (MAS). O presidente Luis Arce, que busca a reeleição, enfrenta oposição do ex-presidente Evo Morales, representante da burguesia nacional e com forte base entre os trabalhadores. Morales foi impedido judicialmente de concorrer, em mais um golpe do imperialismo, mas o contexto é complexo, já que Arce e sua facção apoiaram esse impedimento.
Outros Destaques
- Camarões: O presidente Paul Biya, no poder desde 1982, pode buscar mais um mandato, enfrentando acusações de repressão política.
- Chile: Com Gabriel Boric fora da disputa, candidatos conservadores, como Evelyn Matthei, lideram as pesquisas.
- Tanzânia: A presidente Samia Suluhu Hassan busca consolidar sua liderança.
- Singapura: O primeiro-ministro Lawrence Wong tenta manter o domínio do Partido da Ação Popular (PAP), apesar do crescimento da oposição.