As cordas da vergonha: um sintoma mortal do poder israelense, por Mohammed Hadjab

As cordas da vergonha: um sintoma mortal do poder israelense

por Mohammed Hadjab

O uso ostensivo de símbolos que lembram uma corda de enforcamento, exibidos por certos dirigentes da extrema direita israelense (na foto Itamar Bengvir e seus capangas), ultrapassa qualquer limite moral ou civilizatório. Quando esses políticos utilizam esse emblema para sinalizar a “punição” ou a “execução” de presos palestinos, não se trata de provocação — trata-se da revelação crua de uma ideologia que perdeu qualquer pudor.

Quando um ministro da Segurança Nacional ou um dirigente influente recorre a esse tipo de símbolo, não estamos diante de mera retórica política, mas de uma estetização da violência estatal. É a glorificação aberta da morte, a normalização da barbárie, a transformação do poder em instrumento de intimidação e de humilhação pública. Esse comportamento, exibido com arrogância nos corredores do governo, ultrapassa de longe as fronteiras aceitáveis de qualquer sociedade que ainda pretenda se dizer democrática.

A comparação com os piores criminosos da história deixa de ser exagero quando um governo adota símbolos de execução como ornamento político. Quando a vingança se torna doutrina, e a brutalidade se converte em linguagem oficial, abre-se o caminho para práticas que desumanizam povos inteiros. A memória do povo judeu — marcado para sempre pelo genocídio nazista — deveria impedir, de forma absoluta, que seus líderes recorressem a qualquer estética de eliminação ou subjugação.

Ver alguns deles reproduzirem contra o povo palestino mecanismos de estigmatização total é uma tragédia moral profunda. Não é apenas um erro político: é uma falência ética, uma traição à memória histórica e um sinal perturbador para todos aqueles que ainda acreditam em um futuro de paz, dignidade e coexistência entre os povos.

As cordas que eles exibem não são apenas símbolos.
São confissões.
E são também alertas do que um poder sem limites é capaz de fazer quando se liberta de toda humanidade.

Mohammed Hadjab, analista em geopolítica e Relações Internacionais

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