No dia 20 de novembro, após a realização da reunião de Cúpula do G20, Brasil e China assinaram 37 acordos de cooperação em mais de 15 temas diferentes, como agronegócio, educação, cooperação tecnológica e investimentos em diversas áreas.
As parcerias previstas abrangem áreas como infraestrutura, indústria, energia, mineração, finanças e comércio. A China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009. No ano passado, a corrente de comércio entre os dois países alcançou US$ 157,5 bilhões, com saldo comercial favorável ao Brasil de US$ 51,1 bilhões, um recorde histórico.
A relação comercial entre Brasil e China é extremamente benéfica aos dois países. Empresas chinesas têm investido no Brasil em vários empreendimentos, como construção de hidrelétricas, ferrovias e outras. Ao mesmo tempo, a grande capacidade do Brasil na produção de alimentos é muito importante para a China, desde 2017, o Brasil é o principal fornecedor de alimentos para o país.
As relações diplomáticas entre Brasil e China já têm 50 anos. Em 1988, foi iniciado entre os dois países o Projeto Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), que é um programa de cooperação tecnológica entre o Brasil e a China para o desenvolvimento e operação de satélites de sensoriamento remoto.
Claramente, uma aliança estratégica com a China, em áreas vitais como desenvolvimento, tecnologia, segurança nacional e soberania, interessa muito aos dois países. Essas são as duas maiores economias em desenvolvimento em seus respectivos hemisférios, e possuem grande nível de complementariedade.
Com 11 anos de existência do projeto, o montante de investimentos na Ásia, Europa e África já ultrapassou a cifra de US$ 1 trilhão. Os setores de petróleo e gás representam cerca de 80% dos investimentos chineses em outros países, e cerca de 66% dos contratos de construção.
A ação da China no continente africano se materializa em ajuda financeira aos governos, construção de estradas e ferrovias, desenvolvimento de projetos de infraestrutura em geral. Em agosto último, a China concluiu em 72 horas a construção de 20 mil casas em Joanesburgo, África do Sul.
Os chineses não promoveram em nenhum país do mundo o que o imperialismo realizou no Brasil, por exemplo, nos governos de Fernando Henrique Cardoso, quando foram entregues setores inteiros da economia ao capital internacional, vendendo empresas chaves a preço de banana.
Pelo contrário, em 2022, o governo chinês anunciou o perdão de 23 empréstimos sem juros fornecidos a 17 países africanos e o redirecionamento de US$ 10 bilhões de suas reservas do Fundo Monetário Internacional (FMI) para nações do continente africano.
O fato de que o Brasil não tenha ainda aderido à Nova Rota da Seda indica o quanto o governo Lula está pressionado. A política do governo brasileiro de tentar uma política de soberania e desenvolvimento nacional, sem ao mesmo tempo desagradar o imperialismo, está se mostrando cada vez mais difícil de ser operada.
Destes projetos, um dos mais ambiciosos era o projeto ferroviário transcontinental que deveria percorrer o Brasil de leste a oeste, atravessar a cordilheira dos Andes até chegar aos portos peruanos.
Tudo indica que estes planos de aproximação Brasil-China foram decisivos para a tomada de decisão dos EUA, de acelerar o golpe no Brasil. Consumado o golpe, claro, todos esses projetos foram sumariamente engavetados.