O percussionista Marcos Suzano sempre criticou o fato de o Brasil ser reconhecido como um país rítmico, enquanto a percussão ocupava uma posição secundária no palco. Felizmente, segundo ele, isso tem mudado: “Hoje, artistas se orgulham de estar tocando com percussionistas ótimos”.
O último disco de Suzano é Barbarizando Geral (Biscoito Fino), lançado no ano passado em parceria com o cantor e compositor Fred Martins. O álbum apresenta sambas, alguns com críticas sociais, acompanhados por uma percussão refinada e inovadora.
Reconhecido por seu estilo singular, Suzano sempre se destacou nos trabalhos solo e nas colaborações com grandes nomes da música brasileira. “O disco tem a levada forte do violão, mas fiz um acompanhamento híbrido, com instrumentos acústicos e elementos eletrônicos – graves e timbres fora do padrão do samba”, explica.
Barbarizando Geral explora uma rica variedade rítmica, mesclando pandeiro, caxixis, chocalhos, berimbaus e recursos digitais. “Ficou uma sonoridade atual, que se distancia um pouco da tradição”, afirma. “É a linha que sigo em todo o meu trabalho.”
Um marco na carreira de Suzano foi o disco Olho de Peixe (1993), feito em parceria com Lenine. O trabalho projetou os dois artistas e teve repercussão internacional. Durante a produção, ele buscava se inspirar no violão percussivo do cantor pernambucano para criar suas linhas rítmicas. “Não sou do Norte-Nordeste, então minhas referências vinham do pop. Várias batidas do disco seguem essa lógica”, comenta.
Na opinião do músico, a percussão brasileira vive um bom momento. “Antes, a gente ficava lá atrás, sem poder tocar muito alto. A voz vinha sempre na frente”, recorda. “Hoje, os percussionistas estão mais conscientes da importância de sua presença no palco.”
Suzano também valoriza a evolução tecnológica no processo criativo e de gravação: “Permite hoje obter sons mais graves e com espectro muito maior de frequência, graças ao digital. É impressionante”.
Ele prepara agora um novo álbum solo, previsto para ser lançado em breve.