Manifestantes protestam em Lisboa contra morte do imigrante cabo-verdiano Odair Muniz em confronto com a polícia – Foto: Patrícia de Melo Moreira/AFP

A Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância (ECRI) alertou para o aumento do discurso de ódio em Portugal, com foco em negros, imigrantes, ciganos e pessoas LGBTI. O órgão relatou que a discriminação é frequente em locais públicos, como bares e restaurantes, e citou o caso de uma deputada negra que foi mandada “voltar para seu país” por um político do partido Chega.

A brasileira Namíbia Kaiowa, de 38 anos, relatou ter sido demitida de um bar em Lisboa após clientes alegarem incômodo com sua presença. “A dona disse que queria dar um ar mais limpo ao bar”, contou. Ela afirma que foi dispensada sem justificativa profissional, mesmo tendo trabalhado diretamente com a proprietária.

Ao questionar o motivo da demissão e pedir o pagamento da multa por quebra de contrato, ouviu que deveria assinar como “mútuo acordo” e que provar racismo na Justiça portuguesa seria “perda de tempo”. Namíbia denunciou o caso publicamente, com apoio jurídico, e está em busca de nova colocação.

A brasileira Namíbia Kaiowa – Foto: Reprodução

A ECRI também criticou a falta de dados oficiais sobre crimes de ódio em Portugal, mas destacou que organizações da sociedade civil relatam aumento expressivo desses casos. O relatório aponta ainda o crescimento da xenofobia e do discurso anti-imigração no país.

Segundo o órgão, imigrantes de países de língua portuguesa e do sul da Ásia são os principais alvos de desinformação associando estrangeiros à criminalidade ou ao suposto colapso da seguridade social. A retórica é frequente em discursos políticos e redes sociais.

Namíbia disse que decidiu expor a situação para encorajar outras vítimas a falarem. “A ideia é justamente não deixar que continue acontecendo e que as pessoas se animem a dizer”, afirmou.

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Last Update: 30/06/2025