O “tarifaço” contra o Brasil alardeado por Donald Trump, para muitos analistas, virou “tarifinho”, tamanha a lista de produtos que ficaram de fora da sobretaxa. Parte desse resultado, que diminui sobremaneira a ameaça norte-americana, se deve a altivez demonstrada pelo governo do presidente Lula, o que já se reflete na sua aprovação.
Em pesquisa Latam Pulse, da AtlasIntel e Bloomberg, divulgada nesta quinta-feira (31), o presidente Lula reverteu o cenário de queda na sua popularidade e, agora, a maioria dos brasileiros apoia o seu desempenho, 50,2% contra 49,7% que desaprovam.
Na série histórica da pesquisa, desde que a desaprovação superou a aprovação no final de 2024, os índices vinham se distanciando de forma preocupante para o presidente. Contudo, o levantamento de 13 de julho apontou uma aproximação significativa, consolidada pela reversão do cenário no estudo mais recente, impulsionado pelas ameaças ao Brasil vindas dos Estados Unidos.

Da mesma forma como não é possível deixar de lado que a defesa da soberania nacional, frente ao bullying de Trump, tem atraído apoio a Lula, também não se pode desconsiderar todo o trabalho de reconstrução feito pelo governo ao longo desses dois anos e meio de gestão.
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Uma das provas cabais de que o Brasil está no rumo certo e a população passa a reconhecer isso está no mais recente registro que revela o menor nível de desemprego da história nacional. Outro dado concreto é a melhora nas condições de vida dos mais necessitados, refletida na retirada oficial do Brasil do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) – condição criminosa em que Bolsonaro deixou o país.
Avaliação do governo
Quando o assunto é o governo Lula – diferente da avaliação pessoal sobre o desempenho do presidente – a avaliação Ótimo/Bom (46,6%) ainda não superou a Ruim/Péssimo (48,2%), mas as curvas já se aproximaram, enquanto a avaliação Regular chega ao menor nível (5,1%).
O monitoramento sobre o avanço da avaliação positiva do governo federal também já foi registrado pela pesquisa PoderData, divulgada nesta semana.

Maiores acertos (e erros)
O levantamento ainda traz observações sobre o que são considerados os maiores acertos e erros do governo Lula. Em pelo menos 11 itens os entrevistados demonstraram aprovação acima de 50%:
- Gratuidade para todos os medicamentos e itens do Farmácia Popular (83% aprovam);
- Isenção de IR para pessoas com renda mensal abaixo de R$5 mil (81%);
- Retirada dos garimpeiros das reservas indígenas e ambientais (74%);
- Assinatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (70%);
- Programa de renegociação de dívidas da população (Desenrola) (69%);
- Retomada do Minha Casa Minha Vida (69%);
- Liberação de saque do FGTS retido (69%);
- Incentivo financeiro para alunos do ensino médio público de famílias de baixa renda (Pé-de-Meia) (57%);
- Retomada do programa Mais Médicos (55%);
- Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) (54%);
- Adoção da Reforma Tributária (53%).
O item com maior desaprovação (64%) é o que trata do imposto sobre compras de até US$ 50 (cerca de R$ 300) em sites do exterior.

Imagem e eleição
A consulta ainda registrou a opinião sobre a imagem de líderes políticos. Na pesquisa, o registro positivo de Lula subiu 4 pontos percentuais e alcançou 51%, enquanto o negativo decaiu 5 pontos percentuais e ficou em 48%, entre as pesquisas de junho e julho.
Enquanto Lula demonstra defender incondicionalmente a sua nação e colhe apoio por isso, a rejeição a Jair Bolsonaro, associada ao entreguismo aos Estados Unidos, cresceu.
Os que avaliam negativamente a imagem do ex-presidente já eram maioria e agora são 55%, com o acréscimo de 2 pontos percentuais. Os que ainda o veem de forma positiva tiveram declínio de 2 pontos percentuais entre os registros, agora são 44%.
Também foi feita a pergunta: “Se as eleições presidenciais fossem acontecer neste próximo domingo e se os candidatos fossem os mesmos de 2022, inclusive Lula e Bolsonaro, em quem você votaria?”
Nesta resposta, o presidente Lula marca 47,8% e volta a superar Bolsonaro, que fica com 44,2%.
A pesquisa ouviu 7.334 pessoas, entre os dias 25 e 28 de julho, pela metodologia de Recrutamento digital aleatório (Atlas RDR). A margem de erro é de 1 ponto percentual para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.