O CEO da Apple, Tim Cook, informou durante teleconferência de resultados, que a empresa projeta um impacto de US$ 900 milhões em seus custos para o trimestre de junho, como consequência das tarifas comerciais impostas pelo governo dos Estados Unidos.
A estimativa considera que não haja alterações nas taxas vigentes nem a imposição de novas tarifas durante o período.
“Supondo que as atuais tarifas globais, políticas e aplicações não sejam alteradas durante o restante do trimestre e que nenhuma nova tarifa seja adicionada, estimamos que o impacto adicionará US$ 900 milhões aos nossos custos”, afirmou Cook.
Ele acrescentou que “esta estimativa não deve ser usada para fazer projeções para trimestres futuros, pois existem certos fatores únicos que beneficiam o trimestre de junho”.
Durante a sessão de perguntas e respostas, Cook forneceu mais detalhes sobre como a Apple tem reagido às tarifas, especialmente as relacionadas a produtos originários da China. Segundo ele, a companhia está realocando sua cadeia de suprimentos para mitigar a exposição às tarifas impostas ao longo do último ano.
“Para o trimestre de junho, esperamos que a maioria dos iPhones vendidos nos EUA tenham a Índia como país de origem, e o Vietnã seja o país de origem de quase todos os produtos iPad, Mac, Apple Watch e AirPods também vendidos nos EUA”, explicou. Cook destacou ainda que “a China continuará sendo o país de origem da grande maioria das vendas totais de produtos fora dos EUA”.
As tarifas mencionadas têm origem em medidas adotadas pelo governo norte-americano sob a autoridade da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA, na sigla em inglês).
Entre as tarifas em vigor, uma alíquota de 20% aplicada em fevereiro sobre produtos chineses representa, de acordo com Cook, a maior parte da atual exposição tarifária da Apple.
Além disso, novas tarifas foram anunciadas em abril, elevando para 145% a carga tributária incidente sobre determinadas categorias de produtos importados da China.
“Para nós, isso se refere a parte do nosso negócio de AppleCare e acessórios nos EUA, o que eleva a alíquota total na China para esses produtos a pelo menos 145%”, disse Cook.
O executivo também esclareceu que produtos como iPhone, Mac, iPad, Apple Watch e Vision Pro não estão atualmente sujeitos às tarifas recíprocas globais anunciadas em abril.
O motivo, segundo ele, é o início de uma investigação do Departamento de Comércio dos EUA nos termos da Seção 232 sobre importações de semicondutores, equipamentos de fabricação de semicondutores e produtos derivados que os contenham.
A investigação sob a Seção 232 permite ao governo norte-americano avaliar se as importações de determinados itens representam ameaça à segurança nacional, podendo resultar em restrições adicionais ou aplicação de novas tarifas. A depender do resultado, os custos da Apple poderão aumentar nos próximos trimestres.
Cook reiterou que a estimativa de US$ 900 milhões refere-se apenas ao trimestre atual e depende da manutenção das condições comerciais existentes. “Não gostaria de prever o mix de produção no futuro, mas gostaria de esclarecer o que aconteceu no trimestre de junho”, disse.
A declaração ocorre em um contexto de reconfiguração global da cadeia de produção da Apple. A empresa tem aumentado seus investimentos na Índia e no Vietnã, visando reduzir a dependência da manufatura chinesa.
Essa mudança também responde às crescentes tensões comerciais entre Estados Unidos e China, além de outras medidas de contenção tecnológica adotadas pelas autoridades norte-americanas.
Cook encerrou sua participação reafirmando a postura cautelosa da Apple diante do cenário geopolítico. “De nossa parte, administraremos a empresa como sempre fizemos, com decisões ponderadas e ponderadas”, afirmou.
A empresa não detalhou como os custos adicionais serão absorvidos ou repassados, nem forneceu projeções para os trimestres seguintes. Também não há confirmação sobre o impacto potencial das futuras investigações do Departamento de Comércio ou de eventuais novas tarifas.
A reestruturação da produção e o impacto das tarifas são fatores observados de perto por investidores, analistas de mercado e concorrentes. A Apple segue entre as principais companhias afetadas por mudanças na política comercial dos Estados Unidos, tanto pelas dimensões de sua operação internacional quanto pela concentração de fornecedores em regiões sujeitas a medidas tarifárias.