A boxeadora argelina Aïcha Khelif – Foto: Reprodução

A boxeadora argelina Aïcha Khelif foi alvo de ataques da extrema-direita após uma polêmica envolvendo testes de gênero. A atleta enfrentou críticas intensas após a italiana Angela Carini abandonar a luta contra ela na Olimpíada de Paris 2024, apenas 46 segundos depois do início do combate.

Aïcha Khelif foi anteriormente reprovada em testes de gênero, mas o Comitê Olímpico Internacional (COI) autorizou sua participação nos Jogos Olímpicos. A partir desse momento, começaram a circular notícias falsas classificando-a como transsexual, propagadas principalmente por páginas bolsonaristas nas redes sociais.

A controvérsia sobre o gênero de Khelif teve início no ano passado, quando ela foi desclassificada do Campeonato Mundial em Nova Delhi após falhar em um teste de elegibilidade. A Associação Internacional de Boxe (IBA) afirmou que a atleta “fingia ser mulher” com base em testes que indicavam a presença de cromossomos XY.

As mulheres normalmente nascem com um par de cromossomos XX e os homens com cromossomos XY. Contudo, “alguns homens nascem com XX e algumas mulheres com XY devido a uma mutação do cromossomo Y”, explica a Organização Mundial de Saúde (OMS). As mulheres XY apresentam uma diferença de desenvolvimento sexual (DDS), da qual existem diversas formas.

Apesar disso, o COI, responsável pela qualificação olímpica, reiterou a elegibilidade de Khelif para os Jogos de Verão de 2024. “Todos os atletas que participam do torneio de boxe dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 cumprem os regulamentos de elegibilidade e entrada da competição, bem como todos os regulamentos médicos aplicáveis”, declarou o órgão.

A polêmica foi amplamente discutida nas redes sociais e por comentaristas esportivos. Muitos expressaram preocupação com a participação de atletas com cromossomos XY em esportes de combate. “É chocante que eles tenham sido autorizados a chegar tão longe, o que está acontecendo?”, comentou o ex-boxeador irlandês Barry McGuigan.

Os países de origem de Khelif e da chinesa Lin Yu-Ting, outra atleta envolvida em controvérsias semelhantes, apoiaram suas respectivas pugilistas. O Comitê Olímpico da Argélia criticou os ataques “maliciosos e antiéticos” a Khelif, afirmando que tomou “todas as medidas necessárias para protegê-la”.

O porta-voz do presidente taiwanês também defendeu Lin, destacando sua determinação. “Sua determinação inspira a nação!”, disse ele em um post no X.

Entre os que propagaram a notícia falsa estava o ex-juiz e senador Sérgio Moro. Em seu perfil no X, ele declarou: “Ninguém deve ser discriminado por sua opção sexual, mas precisa ter competição justa para as mulheres”. O ex-ministro de Bolsonaro foi desmentido pouco depois.

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Last Update: 01/08/2024