Na semana seguinte à tentativa de assassinato do ex-presidente norte-americano e candidato republicano Donald Trump, outra grande notícia abalou a disputa eleitoral no principal país da ordem mundial: o atual presidente, Joe Biden, desistiu de sua candidatura à reeleição.
Há muito que se possa relacionar entre um fato e outro. Em primeiro lugar, é preciso levar em consideração que o fato de Donald Trump ter sobrevivido uma tentativa de assassinato fez com que ele aumentasse ainda mais a sua popularidade, tornando a candidatura de Biden, que já estava muito debilitada, ainda mais inviável.
O segundo aspecto que merece ser analisado é que, ao que tudo indica, a ordem para que um atirador atentasse contra a vida de Trump teria vindo do grupo político que apoia Biden. Não faltam indícios disso: o Serviço Secreto, controlado pelos democratas, agiu de maneira muito suspeita e o grande beneficiário da operação seria o lobby sionista e a indústria bélica, que querem ver o partido democrata reeleito ou, na pior das hipóteses, um republicano que esteja alinhado aos seus interesses, ao contrário de Trump. Caso Trump fosse ferido de maneira letal, a candidata natural de seu partido seria Nikki Haley, o que faria com que o imperialismo tivesse dois candidatos na disputa presidencial: Haley e Biden.
Graças ao milagre que salvou Trump, a operação em torno de Haley falhou. Restou, então, a candidatura de Biden. Esta, no entanto, já deu várias demonstrações de que não conseguirá cumprir seu papel.
E é por isso que Biden sai de cena. Para que possa dar lugar a alguém não necessariamente mais competente ou com maior capacidade eleitoral que Trump, mas alguém que permita que o imperialismo manobre a situação com maior facilidade. Em outras palavras, para facilitar um golpe de Estado.
Essa política aparece de maneira cristalina no editorial Biden fez uma escolha corajosa. Democratas devem aproveitar a oportunidade, do jornal The New York Times, que expressa a orientação política geral da burguesia imperialista norte-americana:
“A decisão do presidente Biden de sair das eleições presidenciais de 2024 é uma conclusão adequada para um homem cuja vida foi dedicada ao serviço público. Biden serviu bem à nação como seu presidente. Ao concordar em renunciar quando o seu mandato terminar, em Janeiro, ele está a aumentar enormemente as hipóteses de o seu partido ser capaz de proteger a nação dos perigos de devolver Donald Trump à presidência”.
A posição é clara: o imperialismo em nenhum momento discordava da política de Biden, apenas considera que, para derrotar Trump, esta ferramenta já se tornou obsoleta. O editorial segue, então, dizendo que:
“A saída de Biden dá aos democratas a oportunidade de desviar a atenção do público das questões sobre a aptidão do presidente para a manifesta incapacidade moral e temperamental de Trump – e para os perigos de rearmá-lo com os poderes consideráveis da presidência. Trump é um criminoso que desrespeita a lei e a Constituição, um mentiroso inveterado que não se dedica a nenhuma causa maior do que o seu interesse próprio e um decisor político imprudente e indiferente ao bem-estar do povo americano. O seu mandato causou danos duradouros ao povo e ao projeto da América e à sua reputação em todo o mundo. Num segundo mandato, ele operaria com menos restrições e com mais facilitadores dispostos, e ele e os seus encorajados conselheiros deixaram claro que pretendem exercer o poder de forma implacável”.
Seja qual for o candidato do partido democrata, ele terá o apoio do imperialismo. Cabe, no entanto, destacar: um candidato que apareça a quatro meses da eleição para disputar com um dos maiores fenômenos eleitorais dos Estados Unidos não poderá vencer em vias normais. A disputa eleitoral norte-americana evolui para uma grande crise.