O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o presidente Lula (PT) precisa ‘discutir a relação’ com os partidos do chamado ‘Centrão’ que formalmente fazem parte da base aliada do governo no Congresso Nacional. A maioria dos parlamentares de legendas como PP, União, MDB e PSD votou pela derrubada do decreto assinado por Lula sobre o Imposto de Operações Financeiras (IOF), em uma das grandes crises do mandato.
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Rui Costa reconheceu que é necessário “repaginar” as relações com essas legendas, especialmente após a ‘traição’ das siglas ao governo. O ministro lembrou que, antes da votação que derrubou o decreto, houve acordos sobre o tema – posteriormente descumpridos.
“De repente, se vota sem dar, inclusive, nenhum retorno ao governo. É preciso discutir isso. Como vão ser as bases da relação daqui para a frente? Isso precisa e vai ser discutido. Você pode até discordar: dizer ‘não concordo com isso, vou votar contra’. Mas a relação tem que ser olho no olho, e o combinado deve ser cumprido”, disse.
Durante a entrevista, o ministro foi alertado sobre os indícios de que os partidos do Centrão não devem embarcar em uma candidatura de Lula rumo ao quarto mandato em 2026. Ele, porém, minimizou essa possibilidade.
“Ainda tem muita água para passar debaixo da ponte. Só veremos isso [apoios] ano que vem. O ‘ano ímpar’ é o ano de trabalho, fazer entregas à população. O ano que vem, sim, é o ano das definições políticas. Acho prematura a definição de quem vai apoiar quem, a esta altura do campeonato. Ainda é muito cedo”, afirmou.
Por outro lado, ele acredita que a disputa, mais uma vez, será polarizada entre Lula e um candidato que deve buscar os eleitores de Bolsonaro e aqueles que, em 2022, estavam indecisos e acabaram decidindo a eleição a favor do petista. O nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi citado.
“O presidente Lula vai enfrentar, ano que vem, ’50 tons de Bolsonaro’. São variações do Bolsonaro. Teve a pandemia, eu era governador. O presidente da República, naquele momento, era o Bolsonaro, que pregava que as pessoas não tomassem vacina. Milhares de pessoas morreram por conta disso, e eu não ouvi a voz do Tarcísio. Ele pregava que as pessoas não usassem máscara; eu via o Tarcísio sem máscara junto do presidente da República. Ou seja, são diferenças e nuances no mesmo tom”, disse, citando ainda o governador mineiro Romeu Zema (Novo) como outro representante desse mesmo modelo.