Na noite da última quarta-feira (27), Donald Trump e Joe Biden, candidatos à Presidência dos Estados Unidos, se enfrentaram em debate pela primeira vez na campanha eleitoral deste ano. O evento durou cerca de 90 minutos e, conforme mostram as gravações, o atual presidente norte-americano foi massacrado por Biden.
Dentre frases incompletas e afirmações sem qualquer sentido, durante o debate, gravações que mostram as “gafes” de Biden começaram a ser compartilhadas na Internet por dezenas de milhões de pessoas. A discussão foi uma prova irrefutável de que o presidente dos Estados Unidos está completamente desorientado — afinal, não conseguia nem mesmo falar.
Em relação aos temas, foi discutido economia, mais especificamente, a inflação; o direito ao aborto; a pandemia da COVID-19; a guerra na Palestina; o resultado das eleições de 2020; entre outros assuntos. Principalmente devido à sua debilidade, Biden não conseguiu rebater Trump na maioria dos temas. O Republicano, nesse sentido, teve um desempenho muito superior ao presidente norte-americano.
A vitória de Trump foi tamanha que, segundo levantamento feito pela emissora CNN, 67% dos eleitores registrados que assistiram ao debate acham que Trump foi melhor. 33% afirmam o contrário.
Fato é que ficou claro para todos que viram as cenas de Biden durante o debate que o presidente simplesmente não tem condições de governar. Tanto é assim que começou a surgir uma preocupação, expressa pela imprensa imperialista: Joe Biden ainda pode ser o candidato do Partido Democrata nas eleições deste ano, ou se deve ser trocado?
É o caso, por exemplo, da coluna de Thomas Friedman ao jornal The New York Times. Intitulado Joe Biden é um bom homem e um bom presidente. Ele precisa se retirar da disputa com Trump, o artigo foi traduzido e publicado nos principais veículos de imprensa brasileiros. No texto, Friedman demonstra quão profunda é a preocupação em relação ao desempenho de Biden no debate:
“Assisti ao debate entre Joe Biden e Donald Trump sozinho em um quarto de hotel em Lisboa e chorei. Não consigo me lembrar de um momento mais desolador na política da campanha presidencial norte-americana em minha vida — justamente por causa do que ele revelou: Joe Biden, um bom homem e um bom presidente, não tem condições de concorrer à reeleição.
[…]
A família Biden e a equipe política devem se reunir rapidamente e ter a mais difícil das conversas com o presidente, uma conversa de amor, clareza e determinação. Para dar aos Estados Unidos a maior chance possível de deter a ameaça de Trump em novembro, o presidente deve se manifestar e declarar que não concorrerá à reeleição e que está liberando todos os seus delegados para a Convenção Nacional Democrata”, diz o articulista, importante porta-voz da política da burguesia imperialista.
O The Economist, uma das principais publicações da imprensa imperialista, também compartilhou do ponto de vista de Friedman, publicando artigos como Joe Biden deverá agora dar lugar a um candidato alternativo, no qual afirma que “[…] se o Sr. Biden realmente se preocupa com a sua missão, então o seu último e maior serviço público deveria ser se retirar para outro candidato democrata”.
Diante desta campanha, Biden afirmou que está comprometido em vencer as eleições durante um comício de campanha na Carolina do Norte. Ele abordou, entretanto, o problema de sua idade:
“Eu sei que não sou mais um jovem, para dizer o óbvio. Eu não ando tão facilmente como costumava. Não ando tão suavemente como costumava. Não debato tão bem como costumava. Mas eu sei o que eu sei — eu sei como dizer a verdade, eu sei distinguir o certo do errado e eu sei como fazer esse trabalho”, afirmou o presidente norte-americano.
Enquanto isso, o imperialismo já começa a analisar se há alguém que pode substituir Biden, principalmente levando em consideração que faltam meses para as eleições. O jornal The Washington Post, por exemplo, publicou um artigo intitulado 10 opções caso os Democratas realmente tentem substituir Biden. No artigo, assinado por Aaron Blake, os seguintes nomes são destacados:
Kamala Harris (vice-presidente dos EUA); Gretchen Whitmer; Pete Buttigieg; Josh Shapiro; Jared Polis; Gavin Newsom; Raphael G. Warnock; Michelle Obama; Amy Klobuchar; e Andy Beshear.
Na sua participação semanal no canal TV 247, Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), comentou sobre a situação política nos Estados Unidos.
Pimenta destacou que, independentemente de quem esteja na presidência dos EUA, há um grupo permanente composto por políticos, militares e serviços de inteligência que controla o país. “Mesmo que o Trump ganhe a eleição, como ele ganhou da outra vez, essa turma não vai embora completamente”, afirmou.
Segundo ele, Trump não faz parte do “Estado profundo” e é visto como uma figura externa, o que explicaria a resistência que enfrenta. “Ele defende o fim da guerra na Ucrânia, o que para o Estado profundo é impensável”, disse Pimenta, ressaltando que a postura de Trump em questões internacionais contrasta com a dos interesses tradicionais dos EUA.
O presidente do PCO ressaltou o tamanho da crise do imperialismo, enumerando três possíveis desfechos para isso: “uma de três situações: um colapso econômico, crise militar ou contradições internas do país, um levante de uma parte da população”, previu.
Por fim, Pimenta comentou sobre a notícia de que a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que promotores federais acusaram indevidamente um réu que teria participado do ato de 6 de janeiro, que resultaram na invasão do Capitólio, de obstrução. Com a decisão, os casos de centenas de manifestantes podem ser derrubados.
Rui Pimenta encara a decisão do Supremo norte-americano como a preparação para um possível retorno de Trump à Presidência. “Você não pode ter um presidente que está sendo acusado de golpe de Estado, você tem que reverter isso. É bem significativo”, argumentou.