Conforme vem sendo noticiado por este Diário, nesta segunda-feira (6), a Índia realizou vários ataques aéreos e de mísseis contra o território do Paquistão e o território da Caxemira formalmente administrado pelo país.
Até o momento, estima-se que os ataques resultaram na morte de 31 civis paquistaneses (incluindo mulheres e crianças), bem como feriram mais de 46.
Diante dos ataques da Índia, o Paquistão revidou. Segundo informações do governo e da imprensa indiana, cerca de 15 civis teriam sido mortos, e outros 43 feridos. Dentre militares, um soldado teria sido morto e dois feridos. O governo paquistanês e seus principais órgãos de imprensa informaram que a ação militar do Paquistão resultou na destruição de um VANT (drone), três caças franceses Rafale, um caça MiG-29, bem como um caça SU-30.
Os bombardeios iniciados pela Índia tiveram como pretexto um ataque que ocorreu no dia 22 de abril, em Pahalgam, na Caxemira administrada pela Índia, que resultou na morte de 28 pessoas, das quais 25 seriam turistas na região. O ataque teria sido realizado pelo grupo Lashkar-e-Taiba, organização salafista paquistanesa. Inicialmente, a organização chamada Frente de Resistência, que está envolvida nos conflitos na região disputada de Jamú e Caxemira, assumiu a autoria. Mas, depois, se retratou.
A Índia, por sua vez, acusou o governo do Paquistão de estar por trás dos atentados, chamando-o de patrocinador do terrorismo e utilizando tal acusação como pretexto para os ataques que vêm sendo realizados contra o território paquistanês.
O Comitê de Segurança Nacional do Paquistão (NSC) rejeitou a justificativa da Índia, chamando-a de “ato de guerra não provocado, covarde e ilegal” em uma declaração emitida após uma reunião presidida pelo primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, conforme noticiado pela emissora Russia Today (RT).
Falando sobre as ações militares, o governo indiano afirmou que atingiu posições de “terroristas”, tendo matado mais de 70. O governo paquistanês, por outro lado, afirmou que os locais visados eram áreas civis e que os campos “terroristas” descritos pela Índia são “imaginários”.
Além de ações militares, o governo indiano expulsou diplomatas paquistaneses e fechou as fronteiras, bem como suspendeu a vigência do Tratado das Águas do Rio Indu. Firmado em 1960, trata-se de um tratado de distribuição de água entre a Índia e o Paquistão, organizado e negociado pelo Banco Mundial para usar a água disponível no rio Indo e seus afluentes. Estima-se que as águas do Indu e seus afluentes sejam responsáveis por cerca de 80% do total da água utilizada na agricultura do Paquistão.
Conforme noticiado pela emissora libanesa Al Mayadeen, “autoridades e especialistas de ambos os países afirmam que a Índia não pode interromper imediatamente o fluxo de água”, ressalvando que “mudanças podem começar a tomar forma nos próximos meses”. A emissora informa que, já há algum tempo, Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, vem pressionando para que o tratado seja renegociado de modo mais prejudicial ao Paquistão. Citando camponês do Paquistão, a agência britânica Reuters afirmou que “se eles interromperem o fornecimento de água, tudo isso se transformará no deserto de Thar, o país inteiro“.
O conflito continuou nessa quarta-feira (7), com tendência a se intensificar, especialmente na direção de Poonch, cidade na Caxemira localizada chamada Linha de Controle (LoC, na sigla em inglês), uma fronteira de fato entre as regiões controladas pela Índia e pelo Paquistão. Informações não confirmadas apontam que o exército paquistanês estaria bombardeando Poonch com artilharia pesada em retaliação aos ataques indianos. Igualmente, sirenes aéreas teriam sido ouvidas em Azad Caxemira (Paquistão) e Jamú e Caxemira (Índia). Além disso, há informações de que há grande movimento de caças indianos na região. Segundo fontes paquistanesas, a Índia estaria se preparando para atacar locais na Caxemira paquistanesa.
Em discurso proferido no mesmo dia, o primeiro-ministro do Paquistão, Shebaz Sharif, afirmou que “os ataques da Índia são injustificados”, e que o país “desrespeitou o direito internacional e violou a Carta da ONU”. Respondendo às acusações de o Paquistão ser um estado apoiador do “terrorismo”, o premiê afirmou que “nós somos os mais afetados pelo terrorismo. Buscamos acabar com o terrorismo no mundo inteiro”. Falando sobre a reação do país aos ataques, declarou que “o exército e o povo mantêm-se lado a lado, e a crise nos une”, acrescentando que “não temos medo da morte e estamos sempre preparados para fazer sacrifícios”.
Conforme noticiado pela RT, quanto à resposta popular ao conflito, houve manifestações tanto no Paquistão quanto na Índia.
No cenário internacional, Donald Trump, presidente dos EUA, deu a seguinte declaração sobre o conflito: “é tão terrível. Eu me dou bem com os dois [Índia e Paquistão]. Conheço os dois muito bem, quero vê-los resolver isso, quero vê-los parar. Espero que consigam parar agora. Eles fizeram o mesmo. Espero que consigam parar agora“.
O Irã, país que faz fronteira com o Paquistão a oeste, também se pronunciou, expressando profunda preocupação com a escalada das tensões entre os países, pedindo a ambos os lados que tenham moderação, conforme noticiado pela emissora iraniana Press TV. A posição foi expressa pelo ministro das Relações Exteriores, Esmaeil Baghaei, que também alertou contra a potencial exploração do conflito por terceiros, particularmente o regime israelense.
O conflito entre a Índia e o Paquistão ocorre também na conjuntura de ofensiva do imperialismo e de seus lacaios contra o Irã, país que lidera o Eixo da Resistência, bem como contra a resistência palestina, conjunto de forças que são, atualmente, a principal ameaça à ditadura do imperialismo.