A política externa do governo Lula tem revelado uma contradição cada vez mais insustentável. O presidente brasileiro, que chegou ao poder com o apoio das massas e a promessa de defender os interesses dos países oprimidos, tem se colocado, na prática, como um aliado direto da política imperialista dos Estados Unidos na América Latina. O recente convite ao presidente chileno Gabriel Boric para a cúpula dos BRICS demonstra claramente essa guinada à direita.
Gabriel Boric é, hoje, um dos principais agentes do imperialismo na América do Sul. Eleito como candidato da “nova esquerda”, seu governo rapidamente revelou-se um instrumento de repressão e perseguição aos movimentos populares e um colaborador entusiástico da política dos Estados Unidos na região. Boric foi um dos primeiros a romper relações com o governo da Nicarágua e a fazer campanha contra o governo da Venezuela ao lado de direitistas como Javier Milei, Daniel Noboa e Dina Boluarte.
Nada disso impediu que Lula o convidasse oficialmente para participar da Cúpula dos BRICS, um bloco que, em tese, deveria se opor à dominação do imperialismo e oferecer alternativas de integração econômica entre países oprimidos. Boric será recebido de braços abertos por Lula, enquanto Nicolás Maduro, líder do governo venezuelano, foi bloqueado pessoalmente pelo presidente brasileiro de integrar o grupo.
Trata-se de uma opção política deliberada. Segundo informações reveladas pela imprensa, Lula agiu para vetar a entrada da Venezuela no BRICS, alegando que a presença do país poderia “complicar” as relações do bloco com outras nações. Na prática, o que o governo brasileiro fez foi submeter o BRICS às exigências dos Estados Unidos e da União Europeia.
O governo Maduro, embora demonizado pelo imperialismo, é o único da América do Sul que tem sustentado, de forma consequente, a soberania nacional contra as investidas do Departamento de Estado norte-americano. A Venezuela é vítima de um bloqueio criminoso, de sanções econômicas e de tentativas de golpe de Estado apoiadas diretamente pela Casa Branca (sede do governo dos Estados Unidos). Vetar sua entrada no BRICS é abandonar a principal trincheira contra o imperialismo no subcontinente.
Enquanto isso, Lula prestigia governos que estão em clara aliança com o imperialismo. Além de Boric, o Brasil tem aprofundado relações com governos como o de Daniel Noboa, no Equador, que assumiu o poder com um golpe eleitoral e mantém o país ocupado militarmente com apoio dos EUA. Reconhecer esses regimes enquanto se recusa a apoiar a Venezuela é uma política consciente de adaptação ao imperialismo.