
A derradeira notícia do tarifaço de Donald Trump ao Brasil, em meio ao aumento das tensões bilaterais, ofusca uma proteção tomada a alguns setores estratégicos e decisivos para a sustentabilidade comercial de ambos os países. É que enquanto o presidente dos EUA faz parecer em suas redes sociais e pronunciamentos políticos uma verdadeira guerra contra o Brasil, e o presidente Lula responde em igual tom à imprensa norte-americana e internacional, na prática, alguns cuidados foram tomados no decreto que vigorará a partir de 6 de agosto.
Isso porque, ainda que duras, as taxas que somarão 50% contra os produtos brasileiros terão uma significativa exceção: 43,4% do valor total exportado aos EUA não precisará pagar a taxa. E corresponde a setores estratégicos como petróleo, aeronaves, derivados de petróleo, sucos de frutas, carne bovina, ferro e aço, e outros que representam uma parte significativa do total exportado aos EUA.
Em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 40,4 bilhões para os Estados Unidos, e só nos primeiros seis meses de 2025, essas exportações somaram cerca de US$ 20 bilhões.
Dentre os principais produtos que estarão isentos da sobretaxa, destacam-se:
- Petróleo bruto: US$ 2,378 bilhões (jan-jun 2025)
- Aeronaves: US$ 876 milhões
- Derivados de petróleo: US$ 830 milhões
- Sucos de frutas (principalmente laranja): US$ 743 milhões
- Produtos semifaturados de ferro e aço: US$ 1,518 bilhão
- Celulose: US$ 671 milhões
Juntos, estes produtos brasileiros isentos do novo tarifaço de Trump, correspondem a uma significativa fatia do total das exportações brasileiras aos Estados Unidos. Infere-se que essa parcela corresponde a pelo menos 30% a 40% do total das exportações brasileiras para os EUA em 2025.
Segundo cálculos da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) divulgados nesta quinta (31), a lista de exceções da tarifa de importação de produtos brasileiros pelos Estados Unidos (EUA) corresponde a 43,4% do total de US$ 42,3 bilhões comercializados entre os dois países.
Por outro lado, outros importantes itens do comércio bilateral Brasil-EUA se mantiveram na taxação, como o café, que de janeiro a junho deste ano esteve entre o terceiro produto mais exportado do Brasil ao país, somando US$ 1,172 bilhão, e a carne bovina que, no mesmo período, nos rendeu US$ 738 milhões.
“Embora essas exceções atenuem parcialmente os efeitos da tarifa de 50% anunciada, a Amcham reforça que ainda há um impacto expressivo sobre setores estratégicos da economia brasileira. Produtos que ficaram de fora da lista continuam sujeitos ao aumento tarifário, o que compromete a competitividade de empresas brasileiras e, potencialmente, cadeias globais de valor”, escreveu a Amcham Brasil.