O apagão em São Paulo, desencadeado na quarta‑feira (10) por um vendaval histórico – o mais intenso desde 1963, com rajadas de até 98 km/h que derrubaram árvores e danificaram a rede elétrica –, afetou mais de 2,2 milhões de imóveis na capital e na Região Metropolitana, segundo a Aneel. A Enel Distribuição São Paulo afirma que realizou esforços para normalizar o serviço, mas ainda nesta terça‑feira (16) mais de 30 mil casas permaneciam sem energia, em 24 cidades da região.
A Aneel notificou a empresa para prestar esclarecimentos sobre a demora no restabelecimento. A concessionária foi autuada pelo Procon Paulistano em R$ 14,2 milhões por falhas na prestação do serviço.
Prejuízos econômicos: diretos e indiretos
Segundo relatório atualizado da FecomercioSP, as perdas acumuladas em quatro dias chegaram a R$ 2,1 bilhões. Esse montante supera os R$ 2 bilhões registrados no apagão de outubro de 2024.
Prejuízos diretos: incluem faturamento perdido em restaurantes, bares, comércio varejista e serviços, com destaque para o setor de serviços, que atingiu R$ 1,4 bilhão. Só na quarta‑feira (10), o pico foi de R$ 541 milhões em perdas.
Comércio: registrou cerca de R$ 700 milhões em perdas, agravadas por interrupções nas vendas e problemas logísticos.
Prejuízos indiretos: não entram na conta oficial, mas envolvem estoques deteriorados (alimentos perecíveis, medicamentos), custos fixos mantidos sem receita (aluguéis, salários, energia de geradores) e impactos na mobilidade urbana, já que semáforos apagados paralisaram parte da cidade.
Pressão política e apelo ao governo federal
O prefeito Ricardo Nunes e o governador Tarcísio de Freitas criticaram a Enel pela lentidão na recuperação e defendem que a empresa não tem condições de manter a concessão diante da recorrência de apagões e da falta de investimentos. Os dois pedem a ajuda do governo Lula.
Em reunião prevista com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ambos querem solicitar intervenção federal na Enel e a caducidade do contrato da concessionária, apresentando os impactos econômicos e sociais do apagão. O prefeito e o governador argumentam que a União tem poder para fazer o destrato com a empresa que não tem condições de continuar operando.