Em entrevista ao programa Café PT desta segunda-feira (3), o deputado estadual Leonel Radde (PT-RS) destacou a importância da luta antifascista no Brasil diante do avanço da extrema direita e da disseminação de discursos de ódio.
O parlamentar alertou para o perigo da falta de regulamentação das redes sociais, criticou o alinhamento das big techs com agendas conservadoras e ressaltou os avanços do governo Lula na reconstrução do país após os retrocessos da gestão de Bolsonaro.
Para o deputado, combater o fascismo não é uma escolha política, mas um dever de toda a sociedade brasileira.
“Fascismo é intolerância, autoritarismo, golpe de Estado, misoginia, lgbtfobia e racismo. A luta antifascista deve unificar toda a sociedade para que possamos divergir com respeito, mantendo a civilidade política e social”, destacou Radde.
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Desregulação das redes sociais
A influência das redes sociais na propagação de discursos fascistas foi um dos principais temas da conversa. Radde criticou duramente a postura de Mark Zuckerberg e Elon Musk, que permitiram a expansão de grupos supremacistas e neonazistas ao relaxarem as diretrizes de moderação de conteúdo.
“Quando as redes sociais perdem completamente o controle e eliminam freios para discursos de ódio, o impacto na vida real é gigantesco. O feminicídio aumenta, os ataques contra a população trans se intensificam e os crimes raciais se multiplicam. O que começa como discurso nas redes acaba se transformando em violência concreta”, alertou.
O deputado também defendeu a necessidade de uma regulamentação que impeça que as redes sociais sejam usadas para espalhar desinformação e ódio. “A liberdade de expressão não pode ser um salvo-conduto para crimes. Não podemos aceitar que essas plataformas influenciem processos eleitorais, espalhem fake news e promovam agendas fascistas sem qualquer responsabilização”, pontuou.
Big techs
Radde ressaltou que a atuação de bilionários como Musk e Zuckerberg não é neutra. A recente aparição de Musk na posse de Donald Trump e o gesto nazista feito por ele no evento são sinais claros da conexão entre grandes empresas de tecnologia e a extrema direita mundial.
“Nos Estados Unidos, neonazistas já marcham livremente. Na Alemanha, um partido ultranacionalista tem grandes chances de crescer nas eleições. No Brasil, já vimos o que Bolsonaro tentou fazer. Essa aliança entre big techs e a extrema direita não é coincidência, é uma estratégia global de dominação política”, explicou.
Radde ainda citou a tentativa da extrema direita de distorcer a história para justificar seus atos, mencionando a fake news de que Hitler seria comunista.
“Hitler, no Mein Kampf, ria daqueles que tentavam associá-lo ao comunismo. Essa é uma estratégia da extrema direita: inverter a narrativa para confundir a população”, ressaltou.
Bolsonarismo
O deputado revelou que foi alvo de um dossiê do governo Bolsonaro, que monitorava ilegalmente servidores públicos identificados como antifascistas. “Eu estava atuando na Polícia Civil quando tive minha vida vasculhada por agentes do Ministério da Justiça. Eles queriam me desqualificar, me perseguir. Fui ameaçado de morte por neonazistas e até minha filha recebeu ameaças”, denunciou.
Radde também falou sobre o crescimento de células neonazistas durante o governo Bolsonaro e alertou para a necessidade de endurecer as leis contra crimes de intolerância.
“Precisamos urgentemente alterar a Lei 7.716 para ampliar a criminalização do nazismo e do racismo. Também é fundamental que todos os estados tenham delegacias especializadas no combate a esses crimes”, defendeu.
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Avanços do governo Lula
Diante do cenário global de ascensão da extrema direita, Radde ressaltou que a eleição de Lula foi uma vitória antifascista por si só.
“Foi um enfrentamento direto contra o bolsonarismo e tudo o que ele representa. E, em pouco tempo, Lula já provou que é possível reconstruir o Brasil”, afirmou.
Entre os principais avanços do governo Lula, o parlamentar destacou:
– “O Brasil saiu da 13ª para a 8ª economia do mundo”;
– “O aumento do salário mínimo foi feito dois anos seguidos acima da inflação, algo que não acontecia desde antes do governo Bolsonaro”;
– “Chegamos ao menor índice de desemprego da história e ao maior número de carteiras assinadas no país”;
– “2024 foi o ano mais seguro do Brasil desde 2015, com as menores taxas de homicídios e latrocínios já registradas”;
– “O governo Lula bateu recorde de cirurgias eletivas pelo SUS“.
– “O governo Lula tem trabalhado para melhorar a vida do povo, enquanto o bolsonarismo só promoveu ódio e destruição”, resumiu Radde.
O deputado, que assumiu a presidência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, reforçou que a luta antifascista continua.
“O bolsonarismo não foi derrotado completamente. O fascismo não se dissolve sem resistência. Temos que seguir mobilizados para evitar retrocessos e garantir que o Brasil continue no caminho da democracia, do desenvolvimento e da justiça social”, concluiu.
Da Redação