A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, foi a convidada desta quinta-feira (31) do programa Bom dia, Ministra. Na oportunidade, ela falou sobre temas como Casa da Mulher Brasileira, Agosto Lilás, ações para enfrentamento à violência contra a mulher, preparativos para a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, valorização das mulheres negras e indígenas, entre outros pontos. 

Ao ser questionada sobre o tema do Agosto Lilás, mês conscientização pelo fim da violência contra as mulheres, Márcia destacou que o MMulheres pretende espalhar pelo Brasil tudo o que o governo do presidente Lula tem feito para as mulheres. Ela disse que tem articulado junto aos demais ministérios para que sejam ampliados os serviços em cada município desse país: “Nós temos que chegar neles, conversar com as mulheres, dialogar, entender essa realidade.

E o Agosto Lilás marca justamente essa história de luta pela Maria da Penha, no dia 7 de agosto, há 19 anos, quando o presidente Lula promulgou a lei Maria da Penha. A lei é conhecida em todo o mundo e marca então essa mobilização, resistência das mulheres em relação ao combate a todo tipo de violência. Por isso, nós teremos uma série de atividades ao longo desse mês, de divulgação, de mobilização, de reflexão, de juntar as mulheres para a gente tratar disso. E queremos, claro, sempre falar com os homens. Esse mês promete muitas atividades, mobilização, conversas, campanhas, a iluminação das cidades, tudo em nome do direito das mulheres terem uma vida plena e digna”, informou. 

A campanha que se inicia amanhã faz parte de uma mobilização nacional permanente do Ministério das Mulheres, envolvendo diversos setores no compromisso de pôr fim à violência contra as mulheres, em especial aos feminicídios, a partir de diversas frentes de atuação (comunicação ampla e popular, implementação de políticas públicas, engajamento de atores diversos).

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Da Rádio Nacional da Amazônia, o jornalista Renato Ribeiro falou sobre os dados divulgados recentemente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que apontou que, no ano passado, foram cerca de 1.500 casos de feminicídios, o maior número desde 2015, sendo que parte das mulheres que foram vítimas, estavam sob medida protetiva. 

Ele questionou a ministra sobre o que está faltando para a diminuição desses números. A entrevistada revelou que ela tem se reunido com especialistas e representantes de fóruns de mulheres para compreender o porquê desse comportamento. 

“O que a gente percebe primeiro é que as mulheres ainda têm vergonha. Além de sofrerem a violência, elas ainda se sentem culpadas, derrotadas. A implementação das medidas de proteção são fundamentais. Mas falta ainda essa rede, porque o Brasil, nessa imensidão de municípios, nem todos têm essa articulação que une a delegacia, o Ministério Público, o CRAS, a Unidade Básica de Saúde, e é isso que nós temos que fazer, integrar os serviços. Então, muitas vezes essa medida também acontece de uma forma desarticulada. Não há dúvida que quanto mais medidas de proteção nós tivermos, menos feminicídio. E essa é uma grande meta: a de ampliar e integrar todas as medidas de proteção”, explicou. 

Ainda no tema do combate ao feminicídio, o radialista da Rádio Hora, Jackson Pereira, de Campo Grande, destacou que Mato Grosso do Sul conta há 10 anos com uma Casa da Mulher Brasileira, e também abordou de que maneira a pasta pode atuar para frear essa onda de assassinatos de mulheres, e como proteger as mulheres indígenas. “Em relação ao feminicídio, nós temos que primeiro de fato aprofundar esse debate de grande mobilização”, disse.

Márcia informou que tem conversado com o ministro da Educação, Camilo Santana, que é preciso ter atenção aos currículos escolares, “porque são as crianças, são as novas gerações que vão mudando também a sua cabeça, a sua mentalidade, o seu modo de ver a vida em sociedade. Tem pesquisas que mostram que o namoro dos adolescentes está mais violento. E isso não é normal.”

Ações para as mulheres indígenas

A ministra relembrou que, durante uma viagem realizada ao Acre, as mulheres indígenas destacaram que há, sim, violência nas comunidades, que faz parte também da cultura e do modo de vida delas. E que tal informação suscitou a importância de haver formas de dialogar e criar estratégias que colaborem na eliminação das violências, como a adoção de CRAS indígenas, barcos de políticas públicas, “nós temos que chegar nesses locais remotos”, reafirmou. 

Ela contou que ficou surpresa ao relatarem a ela que, muitas vezes, os indígenas demoram cerca de 20 dias para acessar um serviço público: “Me diziam que, às vezes, uma comunidade demora vinte dias para chegar num determinado serviço público. Então imagina o desafio que é isso na vida, principalmente na vida das mulheres indígenas, nas mulheres que vivem as fronteiras, porque aí tem cruzamento, inclusive, das culturas, do modo de vida, das mulheres migrantes, Então esse país tão diverso, com território tão diferente em cada lugar do Brasil, exige de todos os municípios, estados, de todos os profissionais, os trabalhadores, muita capacidade de atenção e de competência mesmo, técnica, de ter pedagogias, de saber chegar nessas famílias, nessas pessoas, nessas mulheres e dialogar para a gente ter respostas cada vez melhores.”

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À rádio Mariana, de Minas Gerais, a ministra revelou ao jornalista Matheus Edson, que uma das estratégias para se entender o fenômeno da violência contra a mulher é a produção de dados e informações. Razão pela qual a levou a procurar o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Márcio Pochmann, para tratar sobre a produção de pesquisas sobre o tema. “Nós temos que cada dia mais dar mais visibilidade a esses dados e agregar essas informações para entender os motivos”, disse.

Incentivo à participação das mulheres 

Ao ser perguntada sobre as ações do governo para garantir a participação das mulheres, além das conferências municipais, estaduais, distrital e a nacional, Márcia Lopes afirmou que o ministério conta com três grandes secretarias nacionais, além de ter o apoio de fóruns específicos, como o das Mulheres no Hip Hop, o das Mulheres Quilombolas, o das catadoras de material reciclável, o das pescadoras artesanais e marisqueiras, e o das quebradeiras de coco-babaçu. 

“Eu tenho me reunido com todos os fóruns que vêm do Brasil e que nós apoiamos para que elas cheguem aqui, para que elas possam participar de atividades no Executivo, no Legislativo e no sentido de ouvir mesmo, de entender a dinâmica da vida delas, que é muito difícil. Nós estamos tomando providências em relação a cada situação apresentada. Nós vamos buscando as respostas, mas que tem que ser construída coletivamente. Quanto mais consciência, mais participação, mais pressão, o Brasil vai fazendo as suas escolhas”, informou. 

Creches públicas 

Elisiane Corrêa, da Rádio Verdinha, de Fortaleza, abordou o tema que é extremamente caro para as mães que têm filhos pequenos:  falta de vagas em creches públicas.

A ministra afirmou que o PAC Seleções definiu que vai construir mais 200 creches. “E tem aí é uma articulação com os estados e municípios para que os recursos sejam prioritariamente colocados na primeira infância.”

Ela destacou também que o governo Lula sancionou em dezembro a Política Nacional de Cuidados e regulamentou semana passada o Plano Nacional de Cuidado, medidas que têm a creche como ação prioritária para atender tanto a mãe que cuida quanto a criança de zero a três anos. 

“Mas não só as creches mas espaços por exemplo como nas escolas à noite que tenha cuidotecas ou ludotecas para que as mulheres possam estudar e deixar seus filhos sabendo que eles estão atendidos e protegidos. Essa é uma meta que o Brasil tem que assumir para universalizar o atendimento de 0 a 3”, refletiu.

Convocação à 5ª CNPM

No encerramento, Márcia Lopes reforçou a importância das etapas que antecedem a 5ª Conferência Nacional, que ocorrerá entre 29 de setembro e 2 de outubro, em Brasília, após 10 anos sem realização de um grande encontro como este.

Para a ministra, os encontros livres, municipais, estaduais e distrital são oportunidades para que as mulheres apresentem suas demandas e prioridades, para que falem sobre os tipos de situações e violências que têm enfrentado nos territórios. 

Como resultado final da 5ª CNPM espera-se que seja elaborado um Plano Nacional para as mulheres, que conterá as prioridades que devem ser cumpridas para que sejam elaboradas as políticas públicas apontadas como necessárias pelas mulheres. 

“Faço essa convocação para que as mulheres venham para os espaços possíveis, que elas cobrem em todos os lugares a sua presença, a sua participação, a atenção, a vida delas. Nós queremos já no dia 29 de setembro anunciar esse avanço dos estados aderindo ao Pacto. Isso é o mínimo que cada estado pode fazer quando ele tem compromisso com a vida das mulheres. Então não há dúvida que dessa conferência sairão diretrizes e prioridades para o grande Plano Nacional de Política Para as Mulheres e o envolvimento cada vez maior dos estados e municípios nisso. O governo do presidente Lula, espera a participação de toda a população das mulheres”, defendeu a ministra.

Da Redação do Elas por Elas 

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Last Update: 31/07/2025