Antecipar as compras de Natal pode reduzir a exposição a golpes online, que se intensificam com o aumento do volume de transações e da pressa dos consumidores. Datas festivas concentram promoções, prazos apertados e decisões rápidas, cenário explorado por criminosos digitais por meio de sites falsos, anúncios enganosos e links maliciosos.
Segundo a Clavis Segurança da Informação, empresa especializada em riscos cibernéticos, são monitorados anualmente mais de 735 bilhões de eventos digitais, com cerca de 13 milhões de anomalias identificadas em média. Em 2024, o Brasil registrou aproximadamente 5 milhões de golpes, de acordo com a Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor. O levantamento indica que um em cada quatro brasileiros foi alvo de alguma tentativa de fraude, com destaque para golpes bancários, phishing e fraudes sociais.
Diante desse cenário, planejar as compras com antecedência permite mais tempo para analisar ofertas, verificar a reputação das lojas e comparar preços. Esse intervalo ajuda a identificar sinais comuns de golpes, como erros na URL, páginas com tradução inadequada ou condições de pagamento fora do padrão.
Golpes exploram anúncios e mensagens falsas
Criminosos têm usado redes sociais e aplicativos de mensagens para disseminar golpes cada vez mais elaborados. Com o apoio de inteligência artificial, anúncios falsos imitam marcas conhecidas e direcionam para páginas fraudulentas.
A recomendação é evitar clicar diretamente em links recebidos por mensagens ou anúncios patrocinados. Em vez disso, o consumidor deve digitar o endereço da loja no navegador e desconfiar de comunicações que criam urgência extrema, como ofertas com tempo limitado ou estoque supostamente prestes a acabar.
Também é importante verificar a legitimidade das contas comerciais. Perfis verdadeiros costumam apresentar histórico consistente de publicações, presença em diferentes plataformas e dados de contato coerentes, além de selo de verificação válido.
Preços muito abaixo do mercado indicam golpes
Antes do Natal, acompanhar a variação de preços ajuda a identificar golpes baseados em falsas promoções. Valores muito inferiores aos praticados no mercado costumam indicar tentativa de fraude.
Comparar preços ao longo das semanas permite reconhecer descontos reais e evita compras impulsivas motivadas por ofertas irreais, comuns em períodos de alta demanda.
Estoque inexistente é prática comum
Sites fraudulentos frequentemente anunciam produtos que não existem no estoque. Antes de finalizar a compra, é recomendável verificar se o item está listado no site oficial da loja e consultar avaliações de outros consumidores.
Ferramentas como Reclame Aqui e registros em órgãos de defesa do consumidor ajudam a identificar empresas associadas a golpes recorrentes ou a práticas comerciais problemáticas.
Meios de pagamento reduzem exposição
O uso de meios de pagamento seguros é uma das formas mais eficazes de evitar golpes. Cartões virtuais temporários e carteiras digitais oferecem camadas adicionais de proteção.
Transferências diretas, como Pix para contas pessoais, devem ser evitadas em sites desconhecidos. Plataformas intermediadoras de pagamento aumentam a chance de reembolso em caso de fraude. Conferir se o CNPJ informado corresponde ao da loja também reduz riscos.
Políticas claras ajudam a identificar golpes
A ausência de informações detalhadas sobre troca, devolução e prazos de entrega costuma ser um indicativo de golpes. Lojas confiáveis apresentam políticas claras e acessíveis ao consumidor.
Ler esses termos antes da compra ajuda a identificar sites pouco estruturados ou criados exclusivamente para fraudes.
Com o avanço da inteligência artificial, os golpes tornaram-se mais sofisticados. Segundo Victor Santos, CEO da Clavis Segurança da Informação, criminosos já utilizam deepfakes, mensagens automatizadas e anúncios altamente realistas. Para ele, verificar ofertas com atenção e limitar o armazenamento de dados sensíveis, como informações de cartão de crédito, tornou-se uma prática necessária.
Durante o período de Natal, a atenção do consumidor e a preparação das empresas caminham juntas. Enquanto o público precisa adotar cuidados extras ao comprar online, as empresas enfrentam o desafio de reforçar segurança da informação, monitoramento contínuo e autenticação de transações, reduzindo brechas exploradas por golpes em períodos de alto volume de vendas.