Papa Francisco acena para fiéis durante evento público no Vaticano – Foto: Reprodução

O Papa Francisco blindou a Cúria Romana contra uma possível ofensiva de setores extremistas da Igreja Católica. Analistas avaliam que, embora grupos ultraconservadores estejam atentos à sucessão, a maioria dos cardeais com direito a voto foi nomeada pelo pontífice. “Francisco praticamente nomeou ou fidelizou 80% dos cardeais que formam a Cúria romana”, afirmou o cientista político Bruno Lima Rocha. Com informações do Sputnik Brasil.

Rodrigo Toniol, professor da UFRJ, disse que “certamente os setores conservadores da Igreja agora entram na disputa pelos cargos mais importantes dela, o papado e toda a reconfiguração da Cúria”. Segundo ele, “é difícil marcar esses grupos em termos de liberais, conservadores, progressistas. No mundo e na temporalidade da Igreja, essas facções são mais complexas”.

Francisco, que morreu aos 88 anos, foi o primeiro papa latino-americano e promoveu um papado com destaque para pautas sociais e ambientais. Ele criticou abertamente o capitalismo e fez acenos à imigração, à crise climática e à pandemia. Toniol disse que ele “foi um global player importante” e que “exerceu o papado em um momento de endireitamento” político no mundo.

Bruno Lima Rocha destacou que “o que Francisco fez foi definir a opção preferencial pelos pobres, por uma Igreja inclusiva e pela não ostentação da riqueza e usufruto dos benefícios do Vaticano”. Ele afirmou que a intenção dos EUA de influenciar a Igreja será “permanente agora”, mas que a base de apoio de Francisco na Cúria é sólida.

A nomeação de Brian Burch como embaixador dos EUA na Santa Sé, feita por Donald Trump, foi vista como tentativa de aumentar essa influência. Toniol comentou: “O desejo de Trump de influenciar a Igreja Católica pode ser enorme, mas esse é mais um dos desejos megalomaníacos”. Segundo ele, “é pretensioso demais Trump considerar que pode exercer influência sobre a Santa Sé”.

Brian Burch, novo embaixador dos Estados Unidos na Santa Sé – Foto: Reprodução

Toniol lembra que a eleição papal não segue lógica democrática: “Não é disso que se trata. O conclave papal é outra história”. Rocha afirmou que, mesmo com possibilidade de traições, a maioria numérica de cardeais ligados a Francisco pode garantir continuidade. “Há uma grande possibilidade de o próximo papa ser filipino”, disse.

Francisco também será lembrado por sua relação com o meio ambiente. Toniol apontou que “pela primeira vez, de maneira tão sistemática, um papa fez aceno a questões ambientais”, destacando a encíclica Laudato Si e o Sínodo da Amazônia. Ele classificou esse gesto como uma tentativa de atualizar a doutrina social da Igreja.

O legado latino-americano do papa também é destacado por Toniol: “Isso por si só vai ser sempre a lembrança, a maneira de descrever esse papa pelo resto dos tempos”. Ele considera esse fator como uma “novidade” dentro da estrutura da Igreja Católica.

Rocha afirmou que a trajetória de Francisco sempre esteve ligada aos mais pobres. Para ele, “a alteridade, a relação solidária com o diferente, foi o principal legado do papa Francisco”. Ele também citou a “Economia de Francisco” como parte do esforço do pontífice por uma Igreja voltada ao direito à vida e à sustentabilidade.

Ao fim de um papado com impacto internacional, os analistas acreditam que o próximo conclave será decisivo. Mesmo com pressões externas e disputas internas, os cardeais escolhidos por Francisco devem ter papel central na escolha do novo líder da Igreja.

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Last Update: 22/04/2025