Além de a Polícia Federal apontar que Jair Bolsonaro (PL) determinou que Mauro Cid levasse joias aos Estados Unidos para vendê-las, o relatório também aponta que o ex-ajudante de Ordens pediu ajuda à ex-assessora de Michelle Bolsonaro, Marcela Braga, para transportar os objetos para o exterior, conforme revelado no relatório final do inquérito da PF.
O pedido foi feito no dia 30 de dezembro de 2022, durante os últimos dias do mandato de Bolsonaro, antes deles saírem do Brasil usando o avião presidencial.
Marcela, amiga próxima da ex-primeira-dama, atuou como vice-cônsul em Orlando e como assessora especial no gabinete pessoal da Presidência da República. Sua ligação com Michelle justifica o fato de Cid ter cadastrado o nome dela seguido das letras PD, que, segundo a PF, fazem referência à então primeira-dama.
O tenente-coronel enviou mensagens de áudio a Marcela, pedindo um “favor” para transportar uma mala até Miami. “É, tem uma mala que eu preciso que vá lá pra, para Miami. Não tem pressa. Não precisa ser para agora não. Você conseguiria descer com essa mala para mim?”, disse.
Marcela respondeu que não iria ao aeroporto e sugeriu deixar a mala em um hotel, mencionando a possibilidade de usar o transporte do embaixador. “Cid, eu não vou ao aeroporto, né? Então, você teria que deixar a mala lá no hotel. E aí, a gente tem que ver como é que manda isso para Miami. Porque aí tem que ser via Axel ou algo assim”, respondeu.
Por fim, a amiga de Michelle acrescentou que “o embaixador André deve vir aqui meados de janeiro, aí ele poderia levar de volta. Pode ser assim? O que que você acha?”
Em resposta, Cid reclamou da equipe do Itamaraty. “Vocês não têm um motorista pra fazer isso… Puts, pessoal do Itamaraty é enroladinho, hein? Não… Acho que pode, acho que pode sim”. Marcela continuou a conversa perguntando se ele “chegou bem” e mencionou que “não viu a ligação”.
O relatório da Polícia Federal indica que o ex-ajudante de Ordens não conseguiu utilizar a estrutura do Itamaraty para transportar a mala de Orlando para Miami, apesar dos esforços e das mensagens trocadas com Marcela Braga. A tentativa de usar a logística do Estado, segundo o relatório, foi frustrada, não resultando no transporte solicitado pelo ex-ajudante de ordens.
