O recente aumento das tensões na fronteira entre Israel e Líbano atingiu um novo patamar, quando o ministro das Relações Exteriores de Israel ameaçou o grupo libanês Hezbollah com uma “guerra total”. A ameaça surge em um contexto de intensos confrontos entre o Hezbollah e as forças israelenses, concomitantemente aos ataques de Israel a Gaza, sob a justificativa de erradicar o Hamas.
As declarações do ministro vêm após o Hezbollah divulgar imagens captadas por um drone sobrevoando Haifa, uma importante cidade portuária no norte de Israel. No vídeo, o Hezbollah identifica alvos militares, energéticos e civis, aumentando a pressão na já volátil fronteira. Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro, a região tem sido palco de confrontos quase diários, resultando na morte de 473 pessoas no Líbano e 26 em Israel, incluindo civis e militares.
Em entrevista, o secretário-geral da Coplac, Emir Mourad, ofereceu uma perspectiva crítica sobre a situação, sugerindo que as ameaças de Israel são amplamente percebidas como blefes, tanto por analistas quanto por membros da comunidade internacional.
Para Mourad, as ameaças de Israel são vazias e não representam um perigo real de escalada para um conflito total. Ele argumenta que Israel não tem condições de abrir uma nova frente contra o Hezbollah e que os Estados Unidos, principal aliado de Israel, estão mais interessados em preservar a segurança de Israel do que em promover um conflito em larga escala.
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, respondeu às ameaças de Katz de maneira desafiante, indicando que o grupo está preparado para qualquer conflito e reiterando seu apoio à resistência em Gaza. “Vocês são muito bem-vindos se quiserem guerra”, disse Nasrallah.
Um relatório do Instituto de Contraterrorismo da Universidade Reichman avaliou as consequências, para o Estado de Israel, em caso de uma “guerra total” com o Líbano. As conclusões apontam que o Estado sionista sofreria impactos devastadores, sobretudo pelas capacidades militares do movimento Hezbollah.
A análise de Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil, pinta um quadro sombrio das intenções de Israel e do Ocidente no Oriente Médio, posicionando as recentes ameaças de guerra como parte de uma estratégia maior de dominação e destruição. Ele enfatiza que o Ocidente, liderado pelos Estados Unidos, não deseja que o Oriente Médio se estabilize, especialmente com a recente inclusão de países como Egito, Arábia Saudita e Irã no BRICS.
Rabah vê a ameaça de Katz como parte de um esforço contínuo para impedir o desenvolvimento sustentável e a paz na região. Ele enfatiza que o Ocidente e os Estados Unidos, com Israel como sua cabeça de ponte, não querem que o Oriente Médio ingresse num mundo multipolar.
A fronteira Israel-Líbano permanece altamente tensionada, com trocas de tiros quase diárias. A visita de Amos Hochstein, enviado especial do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Beirute, indica um esforço diplomático para reduzir a tensão. No entanto, a retórica agressiva de ambos os lados sugere que o conflito pode se intensificar ainda mais se não houver um avanço significativo nas negociações de paz.