Amazônia: Quase 95% do ouro contrabandizado destinado à Europa é extraído em Amazonas e Pará

O Instituto Escolhas divulgou um estudo que revela o tamanho da irregularidade na cadeia produtiva do ouro no Brasil. De acordo com a pesquisa, 94% do minério comprado pela União Europeia do Brasil podem ter vindo de áreas de garimpo irregular no Amazonas e Pará.

“Em 2023, Alemanha, Itália e República Tcheca importaram 1,5 tonelada de ouro de áreas no Brasil expostas a um alto risco de irregularidade”, revela a pesquisa.

O Brasil é o 14º maior produtor de ouro do mundo e tem a União Europeia entre seus principais compradores.

O estudo Europe’s Risky Gold, direcionado ao público internacional, demonstra que 1.289 quilos do minério, equivalentes a US$ 78 milhões, são dos garimpos irregulares nos dois estados.

O diretor de pesquisa do Escolhas e responsável pelo estudo, Larissa Rodrigues, disse que houve avanço no país com a adoção de notas fiscais eletrônicas e o fim do pressuposto da boa-fé no comércio do ouro dos garimpos, mas isso não é o bastante.

“Enquanto os países importadores continuarem comprando ouro de áreas sensíveis e sem ter certeza de onde ele vem, continuarão estimulando um mercado irregular. Por isso, a responsabilidade ultrapassa as nossas fronteiras”, crítica.

Ela afirmou que há muito ouro irregular no Brasil. “Em zonas de garimpos ainda é muito difícil saber a origem exata do metal, porque não existe um sistema de rastreabilidade de origem. E, para piorar, o ouro, quando sai da área de extração, ainda circula de mão em mão, passando por muitos intermediários, antes de chegar ao mercado externo”, diz.

“Se a União Europeia continua comprando de áreas de risco nesse contexto, como ela garante que não está comprando ouro irregular? E mais: a União Europeia se importa com isso, de verdade?”, questiona.

Na pesquisa, destaca-se que é preciso ação por parte de quem compra. “Todos os importadores deveriam, por exemplo, disponibilizar publicamente informações sobre as minas de origem de suas compras e os nomes e as localidades de seus fornecedores. E os países precisariam adotar processos robustos de devida diligência, independentemente do país de origem do ouro e do volume importado”, defende.

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