Neste sábado, dia 8 de março, o Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo e o Partido da Causa Operária (PCO) organizarão um ato independente, classista e revolucionário referente ao Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. O evento terá início às 10h, na Praça do Patriarca, na cidade de São Paulo. Centenas de militantes e ativistas de diversos lugares do País estão previstos para participar dessa manifestação nacional, que promete se contrapor aos atos de 8 de março promovidos pela esquerda pequeno-burguesa identitária.
Embora hoje celebrado até mesmo por organizações imperialistas, como a Organização das Nações Unidas (ONU), e tendo sido sequestrado por partidos oportunistas, que submetem a luta das mulheres a interesses eleitorais e carreiristas, o 8 de março é produto da mobilização revolucionária da classe operária mundial. Foi graças à Revolução Russa de 1917 que a data se estabeleceu como um instrumento de defesa internacional das mulheres. Nos últimos anos, o imperialismo tem procurado apagar suas origens revolucionárias, transformando o 8 de março em mais um instrumento de ataque às mulheres, encoberto com os discursos e campanhas demagógicas sobre os “direitos da mulher”.
A data do 8 de março está ligada à luta das operárias têxteis de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Nesta greve, as operárias permaneceram paradas durante semanas, sendo brutalmente reprimidas pela polícia e perseguidas pelos patrões. Ela é considerada como o primeiro movimento a levantar as reivindicações femininas em um momento em que a entrada das mulheres no mercado de trabalho ainda era incipiente.
O 8 de março passou a ser considerado Dia Internacional da Mulher no II Congresso Internacional das Mulheres Socialistas, realizado em 1910, na Dinamarca, por iniciativa das militantes revolucionárias da II Internacional. A proposta, apresentada pela militante alemã Clara Zetkin, era estabelecer um dia como referência mundial de luta para as mulheres.
O Dia Internacional da Mulher se estabeleceu definitivamente com a vitória da revolução na Rússia. A manifestação convocada pelas operárias ligadas ao socialismo russo de 1917 foi o estopim da revolução daquele ano. O governo soviético transformou a data em feriado comunista, procurando impulsionar a luta internacional das mulheres.
A vitória da revolução trará uma série de mudanças fundamentais na situação da mulher soviética. Entre as primeiras medidas adotadas pelo governo revolucionário estavam o direito integral ao divórcio a partir do pedido de qualquer um dos cônjuges, superando, no início do século XX, as legislações vigentes em todo o mundo ainda hoje. No caso do aborto, o governo revolucionário garantiu o direito integral à sua realização, inclusive através da rede pública de saúde, gratuitamente, em todo o país. Foi também estabelecida a total igualdade jurídica entre os homens e mulheres, com direitos políticos integrais. Até o final da década de 1960, os Estados Unidos se opunham à celebração do Dia Internacional da Mulher, devido a seu caráter revolucionário. Apenas na década seguinte decidiu mudar de política, em uma tentativa de controlar as tendências revolucionárias presentes na situação política mundial. A decretação pela ONU, do ano de 1975, como Ano Internacional da Mulher vai corresponder a esta mudança de política.
Os atos dos últimos anos realizados no Brasil, no qual a esquerda não se propõe a lutar contra a opressão de classe da mulher, mas sim a promover o identitarismo, é uma decorrência desse sequestro do 8 de março pelo imperialismo. Por isso, o PCO e o Coletivo Rosa Luxemburgo decidiram realizar um ato independente: é preciso resgatar o caráter classista e combativo desta data tão importante para o movimento operário.
Não fique de fora dessa manifestação, que deverá servir para impulsionar um verdadeiro movimento de mulheres trabalhadoras, destacando reivindicações como:
- Direito ao aborto e à maternidade com assistência adequada
- Licença-maternidade, creches, educação e saúde públicas
- Salário igual para funções iguais
- Combate à violência contra a mulher, não por meio do Estado, mas pela autodefesa e emancipação econômica
- Liberdade de expressão e de organização, contra o identitarismo e pela unidade com a classe trabalhadora
Além disso, o ato terá uma forte posição em defesa do povo palestino, denunciando a opressão do imperialismo e as tentativas de censura contra aqueles que defendem a resistência.
O ato acontecerá na Praça do Patriarca, em São Paulo, no dia 8 de março, sábado, a partir das 10 horas da manhã. Depois, será feita uma feijoada no Centro Cultural Benjamin Péret (CCBP) e, em seguida, uma apresentação da peça Casa de Bonecas, de Henrik Ibsen. O Partido da Causa Operária e o Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo organizarão caravanas e delegações das diversas regiões do País para este ato combativo. Para participar da atividade, entre já em contato com o Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo por meio do número (11) 95208-8335.