
Vinicius Krug de Souza, formando do curso de Engenharia de Minas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pintou uma suástica no próprio rosto antes de ser oficialmente graduado na solenidade de formatura, realizada na noite desta terça-feira (18).
Antes de colar grau, colegas solicitaram a presença de autoridades da universidade, que ordenaram que Krug apagasse o desenho na cara. O jovem foi advertido de que, caso não acatasse a determinação, não poderia subir ao palco. Ele alegou que o símbolo não representava o nazismo, mas sim uma referência à cultura hindu. No entanto, diante da advertência de que poderia ser encaminhado à Polícia Federal, apagou a suástica.
O formando participou da cerimônia normalmente, sem intercorrências, substituindo as suásticas por outros desenhos, que também podem remeter a símbolos nazistas. No entanto, apenas uma investigação poderá confirmar tal associação. Durante o evento, Krug dirigiu-se à mesa de professores e fez gestos com a mão. Em resposta a manifestações da plateia, ele reagiu com um gesto obsceno.
O deputado estadual Leonel Radde (PT-RS), que lidera um mandato de caráter antifascista e encabeça a campanha “Operação Bastardos Inglórios” — iniciativa que investiga e denuncia condutas neonazistas no estado —, registrou um boletim de ocorrência contra Vinicius Krug na Delegacia de Combate à Intolerância (DCI).
“A tática é a mesma em vários lugares do mundo. Querem causar confusão ao dizer que ser neonazista é liberdade de expressão. Isso não é uma brincadeira de formatura. É crime e inaceitável”, declarou Radde.
“A suástica, na sua origem, é um símbolo hindu e budista que foi sequestrado pelos nazistas e adaptado. O que o aluno fez tem toda a caracterização de um ‘apito de cachorro’. Ele colocou a suástica entre outros símbolos para tentar justificar que seu significado era religioso. Isso não cola. Qualquer pessoa que nasceu após a ascensão do nazismo e o fim da Segunda Guerra sabe o que a suástica representa, especialmente no Ocidente”.
No Instagram, Vinicius Krug se define como católico apostólico romano e afirma ser “somente um aprendiz”. Além disso, ele segue perfis de cunho imperialista, além de diversos perfis profissionais de médicos psiquiatras e psicólogos. Em seu feed, que é discreto e aparentemente tímido, compartilha fotos com versos de poesias de influência clássica.

A UFRGS emitiu uma nota oficial sobre o ocorrido:
“A UFRGS manifesta-se sobre o episódio ocorrido antes da cerimônia de formatura dos cursos de Engenharia Metalúrgica, Engenharia de Minas e Engenharia de Materiais, realizada nesta terça-feira, 18 de fevereiro, no Salão de Atos da UFRGS. Ao tomar conhecimento de que um formando ostentava uma suástica pintada no rosto, a Universidade adotou as seguintes providências:
O vice-reitor e o coordenador de segurança foram até o local onde o estudante se encontrava e proibiram sua participação na colação de grau caso mantivesse o símbolo no rosto;
O formando alegou que o desenho representava um símbolo hindu e negou qualquer associação ao nazismo;
Ele foi advertido de que, caso não apagasse a suástica, além de ser impedido de colar grau, seria encaminhado à Polícia Federal para averiguação;
Diante da advertência, o aluno concordou em apagar a pintura, substituindo-a por outros símbolos sem relação com o nazismo;
A UFRGS decidiu registrar boletim de ocorrência na Polícia Federal nesta quarta-feira, dia 19;
Também nesta quarta-feira, serão analisadas as medidas administrativas cabíveis
Diferentemente do que foi amplamente divulgado nas redes sociais, o formando em questão NÃO ostentava símbolos nazistas durante a cerimônia de formatura. A decisão da Universidade de dar prosseguimento à solenidade, dentro da normalidade possível diante deste inadmissível episódio, foi tomada em respeito aos demais formandos, seus familiares e convidados. A UFRGS reafirma que não tolera manifestações de ódio, intolerância ou ataques aos direitos humanos em seus espaços.”
A apologia ao nazismo e a ostentação de símbolos nazistas, assim como a distribuição de emblemas ou a propaganda desse regime, constituem crime no Brasil, conforme previsto na Lei 7.716/1989, passível de pena de reclusão.