Nessa segunda-feira (23), o Estadão publicou um editorial intitulado O gabinete da manipulação. No estilo canalha do jornal golpista, o texto serve para tentar mascarar a ofensiva da burguesia do mercado financeiro contra o governo brasileiro por meio do aumento do dólar para valores históricos.

“Incapaz de reconhecer o real motivo da crise de confiança no Brasil e tomar providências para reduzir as incertezas com as contas públicas do País, o governo do presidente Lula da Silva recorreu a uma operação tipicamente lulopetista para explicar a escalada do dólar e as turbulências no mercado financeiro: de maneira claramente organizada, liderada de dentro do Palácio do Planalto, difundiu a ‘narrativa’ de que tudo não passa de um ataque especulativo contra a moeda brasileira, contra o governo e contra o Brasil”, diz o Estadão.

Não é surpresa que o Estadão adote uma posição como essa. Afinal, trata-se de um dos principais representantes da imprensa burguesa no Brasil, um notório inimigo do povo brasileiro que, dentre muitas outras coisas, é um dos responsáveis pelo golpe de Estado de 2016 e pela prisão de Lula em 2018.

É surpreendente, no entanto, notar que esta é a mesma posição apresentada por ninguém mais, ninguém menos que Gabriel Galípolo, o novo presidente do Banco Central (BC). Durante coletiva na última quinta-feira (19), Galípolo afirmou que a escalada do dólar é uma “reação natural do mercado ao cenário econômico do Brasil”:

“Não é correto tratar o mercado como um bloco monolítico, como se fosse coordenada andando em um único sentido. Toda vez que há uma mobilização em torno de um ativo há vencedores e perdedores. Então falar que há um ataque especulativo coordenado não representa bem”, afirmou.

O Estadão, é claro, não deixou barato e, no editorial citado, fez questão de destacar este fato. “Galípolo demonstrou discordar da ideia de que o País está sob ataque especulativo e lembrou o óbvio”, diz o jornal golpista, afirmando que “Lula e seus aliados não pensam da mesma forma”.

A indicação de Galípolo para o Banco Central demonstra a continuidade da “política de independência” da autarquia, que, na prática, apenas garante o controle do imperialismo sobre a economia brasileira.

A “serenidade” de Galípolo diante do ataque especulativo é um sinal claro de que a política do BC continuará a penalizar o povo brasileiro. A permanência de juros altíssimos e da drenagem do orçamento público para o pagamento de uma dívida criminosa mantém o País refém dos banqueiros

Diante disso, é necessária uma política que rompa com os ditames do capital financeiro e coloque os interesses da maioria da população à frente dos lucros de meia dúzia de vampiros que sequer moram no País. Apenas a luta organizada dos trabalhadores pode reverter este cenário e impor uma mudança real na política econômica nacional.

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Last Update: 24/12/2024