Por Ana Luiza Fernandes
A partir de uma parceria entre o MST, a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) e a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP), vinculada à da Fiocruz, está em funcionamento a segunda turma de Mestrado Profissional em Trabalho, Saúde, Ambiente e Movimentos Sociais, com a participação de profissionais e militantes de vários movimentos sociais do país.
A aula inaugural da turma ocorreu no último dia 6 de agosto, na ENSP, no Rio de Janeiro. A iniciativa é uma construção coletiva de diversos movimentos sociais, como a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares e MST, em articulação com a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) do Ministério da Saúde.
A pós-graduação é voltada para os movimentos sociais, com objetivo de ampliar o acesso à educação aos povos, do campo, da floresta e das águas e, principalmente, os estudos e pesquisas das determinações sociais do processo de saúde e doença, entender os impactos do capital, do agronegócio, do hidro negócio e da mineração na condição de vida das pessoas e dos territórios, na saúde das populações e do meio ambiente. E pensando a agroecologia como promoção da saúde.
“Estudar sobre essa análise também do campo de disputa na perspectiva agrária e da sociedade em geral. O que os movimentos sociais inclusive, apontam, tanto de denúncia quanto de possibilidade. Tendo a compreensão da importância da agroecologia, dos modos de vida, das constituições e formas de vida dos diversos sujeitos coletivos dos territórios. Desenvolver pesquisa, numa perspectiva da saúde coletiva também como possibilidade de ação política”, enfatiza Maria, da Coordenação Política Pedagógica do Curso (CPP).
A primeira turma aconteceu em 2014. Segundo a coordenadora, o mestrado foi pensado como uma estratégia de fortalecimento da Política Nacional de Saúde Integral das populações do Campo, da Floresta e das Águas. Os mestrandos irão desenvolver projetos de pesquisa e intervenção que abordem, investiguem e busquem transformar sua própria realidade nesses territórios.
“Tivemos a conquista da primeira turma que se formou em 2016, a turma Primavera da Luta, que tinha também, junto com a campanha contra os Agrotóxicos e pela Vida, uma perspectiva de discutir a questão agrária, as realidades campos, floresta e águas e a saúde”, explica.
Entre lutas e conquistas foi possível iniciar uma segunda turma, que está acontecendo no Rio de Janeiro e é composta por 25 educandos e educandos, na sua maioria, do MST, de quatro regiões do país, menos do Sul. A turma tem abragência nacional com integrantes da Rede Nacional de Médicos e Médicos Populares, da Teia dos Povos da Bahia, Movimento Nacional de Pescadores e Pescadoras, da Articulação Nacional das Mulheres Pescadoras e do Movimento pela Soberania da Mineração.
Confira a íntegra da aula inaugural:
Dinâmica do Curso
O curso de mestrado tem característica multidisciplinar, com a participação de pessoas de diversos movimentos populares do país e com formação em várias áreas do conhecimento, como da saúde, agrárias, socais, humanas, educação, entre outras.
Com base na Pedagogia do Movimento, as etapas do curso funcionam a partir da alternância pedagógica, com um período de tempo escola e outro de tempo comunidade, período em que os educandos/as voltam para os seus territórios para realizar as pesquisas. Maria destaca que, além da etapa atual de tempo escola, estão previstos mais quatro tempo escola, dentre eles um para a qualificação e o outro para a defesa final da dissertação.
*Editado por Fernanda Alcântara