Uma emboscada dos rebeldes, que matou dezenas de soldados do Máli e do Grupo Wagner, revela a participação da Ucrânia como ferramenta do imperialismo para desestabilizar o continente africano.
As suspeitas surgiram quando o porta-voz da inteligência militar ucraniana, Andrei Iusov, em entrevista na TV, tratou a questão como “uma operação militar bem-sucedida contra criminosos de guerra russos” que pôde ser realizada com as “informações necessárias”. Iusov prometeu ainda que “há mais por vir”.
Segundo o sítio da RT, a embaixada de Quieve em Dacar (Senegal) compartilhou a entrevista de Iusof, mas já foi excluída da página no Facebook com a legenda do embaixador Iuri Pivovarov para o Senegal, Guiné-Bissau, Costa do Marfim e Libéria, dizendo que “certamente haverá outros resultados”.
Essas falas acarretaram uma série de protestos vindos do Máli e outros de seus vizinhos da África Ocidental, que não aceitam as declarações da Ucrânia em defesa do terrorismo internacional. Houve protestos também da CEDEO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental. O bloco disse que não irá permitir “nenhuma interferência estrangeira” que desestabilize ou ameace a paz e a segurança na região.
Tanto o Senegal quanto Burquina Fasso se pronunciaram neste sábado, alertando a Ucrânia para que “não combata a batalha errada”, que visam desestabilizar o Máli, um país irmão.
Outra consequência foi a medida do Níger, que declarou estar em total solidariedade com o governo e o povo do Mali e com isso rompeu laços diplomáticos com a Ucrânia.
Como era de se esperar, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia negou qualquer envolvimento no incidente. Segundo o ministério, as alegações seriam “infundadas e falsas”, além de acusar o Máli de não apresentar quaisquer evidências e tomar uma decisão “míope e apressada”.
O Máli e o Níger pediram que o Conselho de Segurança da ONU investigue as alegações que afirmam que a Ucrânia teria fornecido inteligência aos rebeldes tuaregues. No entanto, como bem pontuou Fousseinou Ouattara, vice-presidente do Comitê Parlamentar e defesa do Máli, dificilmente a Ucrânia teria capacidade de agir sozinha e fornecer dados para grupos armados. De onde se conclui que isso só pode ser obra do auxílio dos Estados Unidos e da França.
A Rússia acusou a Ucrânia de dar suporte a grupos terroristas nos países africanos que estão alinhados com a Rússia. Maria Zacarova, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia disse que “sendo incapaz de derrotar a Rússia no campo de batalha, o regime criminoso de Vladimir Zelensqui abriu uma segunda frente na África”.
A declaração de Zacarova faz sentido, o imperialismo está tentando abrir diversas frentes contra a China e a Rússia. O ataque, no entanto, nunca é direto, são usados grupos ou mesmo países para causar desgaste. É o que estamos vendo no caso da Ucrânia, Taiuan, Estado Islâmico, grupos rebeldes na região do Sael etc.
Os Estados Unidos, por meio de seu porta-voz, Matthew Miller, disse que eles sempre acreditaram que “as relações diplomáticas são importantes, e é bom que os países conversem entre si e tenham a capacidade de resolver disputas e resolver questões que eles têm. Então, gostaríamos de encorajar esses países a continuar a conversar uns com os outros”.
Quais relações diplomáticas são importantes para um país que se notabilizou em negociar com a arma em cima da mesa? Os norte-americanos destruíram países inteiros, inclusive alegando mentiras, como no caso do Iraque, alegando que ali havia armas de destruição em massa, e matou um milhão de pessoas, a maioria civis. Atirou milhares de toneladas de bombas com urânio empobrecido sobre a Iugoslávia, o que está provocando até hoje milhares de casos de morte por câncer e nascimentos de crianças com má-formação genética.
O imperialismo vem perdendo importantes posições ultimamente. Além da derrota vergonhosa no Afeganistão, está sendo expulso da Síria, do Iraque, e tendo enormes dificuldades em Gaza. Uma das formas de o imperialismo lidar com essa verdadeira revolta dos países atrasados é justamente tentar o desgaste utilizando desde grupos terroristas até governos de fantoches, como é o caso da Ucrânia e de Taiuan.
A França, país importante do imperialismo mundial, não se conforma com a perda de seus privilégios na África, sendo cabível que esteja participando dessa ação no Máli.
É importante que os países africanos se unam à Rússia para combaterem esse inimigo comum e lhe imponham mais uma derrota, isso servirá para aprofundar ainda mais a crise do imperialismo.