Latinos que vivem no Texas e na Califórnia criaram redes de informação para compartilhar detalhes sobre as operações contra imigrantes e alertar onde estão ocorrendo as chamadas “caçadas”, evitando serem surpreendidos. O jornal colombiano El Tiempo revelou como funcionam os avisos e as estratégias adotadas para escapar das autoridades.
Há registros de agentes da Patrulha da Fronteira e do ICE (Serviço de Imigração dos Estados Unidos) indo às casas de colombianos, mexicanos e hondurenhos para detê-los. Muitos foram levados algemados, vestindo chinelos de dedo, e embarcados em aviões militares.
No momento da decolagem, às 12h20 de domingo (horário local), a temperatura era de 9°C. “Só nos deram uma sacola para colocar o que pudemos tirar. Mas alguns deles tiveram seus pertences jogados fora”, relataram alguns dos deportados que chegaram em um voo da Força Aérea Colombiana (FAC).
Segundo a publicação, as autoridades teriam recebido “cotas” diárias de detenções, o que estaria levando a um aumento das operações em estacionamentos, postos de gasolina, ruas e até nos arredores de escolas com grande presença de crianças latinas. Nesta semana, o número mínimo de detidos exigido teria subido de 1.200 para 1.500 por dia.
Além de monitorar postagens suspeitas, grupos de imigrantes utilizam canais de comunicação latinos para alertar sobre ações das autoridades. “De Lake Elsinore, Murrieta e Temecula (Califórnia), há patrulhas de imigração na 15 e na 215 [vias locais], especialmente nas saídas”, diz uma mensagem. Há também alertas sobre postos de controle em San Diego.
Diante do clima de medo, até veículos de imprensa locais estão divulgando informações sobre os direitos dos imigrantes em caso de detenção. As recomendações incluem manter sempre um kit com documentos, contatos e até mesmo informações de advogados para o caso de separação familiar.
Outras orientações sugerem que os imigrantes tenham uma lista de números de emergência, um responsável para cuidar de seus filhos e documentos importantes. Além disso, são incentivados a buscar alternativas legais, como solicitar cidadania para residentes permanentes ou asilo.
Informantes
Um caso polêmico envolveu uma suposta mensagem postada por um professor da Northside High School, no Texas, que sugeria uma operação dentro da escola.
A declaração gerou indignação: “Todos deveriam vir para Fort Worth, TX, para a Northside High School. Tenho muitos alunos que nem sequer falam inglês e estão do 10º ao 11º ano. Eles têm que se comunicar comigo por meio do tradutor do iPhone. O @usedgov [marcando o perfil do Departamento Nacional de Educação] também deveria reformular totalmente nosso sistema escolar no Texas”.
Após as críticas da comunidade, o professor, identificado como @HookEm232, restringiu suas redes sociais.
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