Completou 72h do prazo do calendário eleitoral da Venezuela para a apresentação da totalidade dos registros de votação, e o governo brasileiro espera tais documentos para o reconhecimento da reeleição de Nicolás Maduro. Enquanto isso, parlamentares e políticos do PT e de partidos de esquerda endossam a postura do presidente Lula.
O prazo estipulado na legislação da Venezuela para entregar a totalidade dos votos que confirmariam o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) são de três dias após as eleições. Ou seja, até esta quinta-feira (01) os registros oficiais deveriam ter sido apresentados.
O governo liderado por Nicolás Maduro prometeu a entrega destes resultados no prazo legal, o que não ocorreu nesta quinta. Na data, o presidente venezuelano decidiu convocar o Judiciário do país a realizar perícia e auditoria das supostas atas que a oposição alega ter em mãos.
Conforme divulgamos aqui, nem o presidente do país confirmou que tem a totalidade dos registros e somente informou que iria disponibilizar “100% das atas que estão em nossas mãos”.
Lideranças se manifestam
Enquanto permeia uma falta de transparência no processo eleitoral do país, a espera dos representantes políticos brasileiros continua para visualizar os documentos e reconhecer oficialmente Maduro como presidente reeleito.
Entre eles, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) que disse ser um cenário “preocupante”. “A eleição ocorreu no domingo, já se passaram quatro dias e o Conselho Nacional Eleitoral, que é comandado por Nicolás Maduro, ainda não apresentou a ata que efetivamente o consagra como vencedor”, afirmou.
O parlamentar também criticou a prisão de mais de 100 opositores políticos e o registro de 12 mortos nos protestos do país. “O que temos presenciado e que está sendo veiculado por todos os meios de comunicação internacional é uma escalada de violação de direitos humanos.”
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) chegou a manifestar o que seria a sua postura pessoal sobre o caso. Ainda que o partido, PT, tenha emitido uma nota reconhecendo Maduro, Randolfe adotou o tom de críticas na demora da apresentação das atas.
“Eleições que não se submetem à verificação e ao acompanhamento de observadores internacionais não são eleições legítimas”, criticou o senador, em fala à GloboNews.
Na segunda-feira (29), a Executiva Nacional do PT emitiu uma nota parabenizando Nicolás Maduro por sua reeleição. Mas ao contrário de seus correligionários, o líder do governo no Congresso também fez um ataque mais duro à Venezuela, e disse que o país “não é mais uma democracia”.
“Lamentavelmente, a Venezuela não é mais uma democracia, e enquanto não forem apresentadas as atas que comprovem a verificação do resultado eleitoral, não é possível o reconhecimento do regime do senhor Nicolás Maduro”, disse.
Outro representante político a se manifestar, Guilherme Boulos (PSOL), que é o candidato do presidente Lula na disputa ao comando do maior colégio eleitoral do país, a Prefeitura de São Paulo, também concordou que o resultado eleitoral na Venezuela é “extremamente preocupante”.
“É extremamente preocupante (a situação na Venezuela), até porque é absolutamente legítimo que setores demandem transparência, que setores demandem as atas em todos os processos eleitorais”, afirmou à imprensa, nesta quinta-feira (01).
“Meu posicionamento é esse. Eu defendo a democracia e a transparência aqui no Brasil e na Venezuela, independente de quem seja o partido”, continuou.